A história real do menino possuído que inspirou 'O Exorcista'

Há mais de quatro décadas, o cinema mundial foi impactado por um dos filmes mais assustadores de todos os tempos: 'O Exorcista'.

Lançado em 1973 e dirigido por William Friedkin (foto), o longa-metragem arrecadou mais de 400 milhões de dólares e gerou quatro sequências, sendo a última delas lançada em 2023.

O filme narra a história de uma atriz que descobre o comportamento aterrorizante de sua filha de doze anos. Ao perceber que a garota está possuída pelo demônio, ela busca a ajuda de um padre, que, por sua vez, convoca um segundo sacerdote especializado em exorcismo.

Desde seu lançamento, 'O Exorcista' chocou e aterrorizou o público, tornando-se um marco na história do cinema de terror, devido à sua intensidade, efeitos visuais inovadores e a abordagem impactante do sobrenatural.

Na foto, uma fila de pessoas esperando, no frio, para ver o filme.

As atuações intensas de Linda Blair (na foto, ao lado de William Friedkin), Ellen Burstyn e Max von Sydow contribuíram para a atmosfera arrepiante do filme, que ganhou dois prêmios Oscar (Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som).

O filme gerou debates intensos sobre o horror gráfico e a representação do mal, mas poucos conhecem a terrível inspiração por trás da trama.

'O Exorcista' é baseado no caso real de uma série de exorcismos de um menino anônimo, que ocorreram em 1949, em Maryland, nos Estados Unidos (foto).

Roland Doe (pseudônimo utilizado pela Igreja Católica para preservar sua identidade), era um jovem de 14 anos quando fenômenos inexplicáveis começaram a assombrar sua família.

De acordo com o livro 'Possessed: The True Story of an Exorcism', escrito pelo historiador  Thomas B. Allen, Roland Doe era o único filho da família e, por isso, brincava muito com adultos, principalmente com sua Tia Harriet.

Harriet, uma mulher com crenças espíritas, mostrou o jogo de Ouija ao menino, que passou a utilizá-lo com frequência, especialmente após o falecimento de Harriet, quando ele tinha apenas 13 anos.

Foi nesse período que ocorreram atividades paranormais intensas, como objetos voando, barulhos inexplicáveis na casa e mensagens escritas no corpo da vítima. O menino, supostamente, levitava e falava em línguas desconhecidas, deixando até mesmo os mais céticos perplexos.

A família de Roland, aterrorizada, decidiu procurar ajuda em diferentes frentes, incluindo médicos e pastores da igreja anglicana, mas nenhum tratamento convencional surtia efeito.

(Foto ilustrativa)

Sem saber mais o que fazer, a família buscou a ajuda da Igreja Católica. Foi quando o padre William S. Bowdern visitou a casa de Roland e notou sua aversão a tudo o que era sagrado, sua voz gutural, uma cama tremendo e objetos voadores.

Assim, William S. Bowdern percebeu que Roland estava possuído por uma entidade maligna que deveria ser expulsada do corpo do menino, através de uma série de rituais.

O processo de exorcismo durou semanas e foi marcado por fenômenos violentos, até que, finalmente, Roland foi declarado livre da possessão.

Na época, toda a informação foi historiada pelos diários de todos os padres e médicos envolvidos, que logo tiveram seus acessos liberado à William Friedkin (foto), o diretor do filme.

A história de Roland Doe tornou-se uma fonte de inspiração para o escritor William Peter Blatty (foto), que, mais tarde, escreveu o livro 'O Exorcista', elevando o terror a um novo patamar.

Na realidade, o filme é baseado justamente no livro de William Peter Blatty, que também é o roteirista da obra. Blatty, por sua vez, fez algumas modificações na história de Roland, incluindo detalhes, gênero e idade da criança na versão ficcional.

Alguns acontecimentos estranhos também ocorreram durante as filmagens: a irmã do ator Max von Sydow (foto) faleceu e a esposa grávida de um assistente de câmera perdeu o bebê...

Mas, talvez, o incidente mais estranho foi quando o set de filmagem pegou fogo. De forma intrigante, somente o quarto da personagem de Linda Blair, que desempenhava o papel da menina possuída, escapou ileso das chamas.

Até os dias de hoje, a influência do caso de Roland Doe perdura na cultura popular e a história por trás de 'O Exorcista' revela uma narrativa complexa de medo, fé e luta contra o desconhecido, mostrando que, às vezes, a realidade pode ser mais aterrorizante do que a ficção que ela inspira.