Dom Quixote vivia na Venezuela, cogita uma inusitada teoria
Dom Quixote de La Mancha, Dom Alonso Quijano, o cavaleiro da figura triste... Este personagem da literatura universal, criado por Miguel de Cervantes, dispensa apresentações.
A primeira parte do romance de Cervantes foi lançada em 1605 e, desde então, a identificação de Dom Quixote com a Espanha tem sido longa e profunda. Mas e se Alonso Quijano, na realidade, vivia no Novo Mundo?
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Há quem afirme que Dom Quixote foi inspirado em um homem que morava em Caracas, hoje, capital da Venezuela.
De acordo com a BBC, sua fama veio em 1595, quando Caracas nada mais era do que uma vila colonial.
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Caracas, como muitas das jovens cidades espanholas espalhadas pelo Mar do Caribe, vivia sob constante cerco de corsários ingleses e franceses, como Sir Francis Drake e Sir Walter Raleigh.
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O medo dos piratas fez com que os conquistadores estabelecessem Caracas atrás de uma cordilheira a 30 quilômetros do Mar do Caribe, ligada por um caminho sinuoso chamado Camino de los Españoles.
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O jornal venezuelano El Universal conta que o governador espanhol de Caracas, sabendo que uma invasão do pirata Amyas Preston era iminente, reuniu todos os homens fortes para proteger o Camino de los Españoles.
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Um dos moradores de Caracas que se voluntariou foi Don Alonso Andrea de Ledesma, um conquistador espanhol de origem em Salamanca ou Extremadura, que foi rejeitado devido à sua idade avançada e corpo magro.
Porém, as tropas do pirata Preston encontraram um caminho íngreme e perigoso utilizado pelos indígenas da região para atacar Caracas, que estava indefesa.
De acordo com a BBC, os poucos homens que restaram em Caracas armaram-se com o que puderam para ganhar tempo diante do avanço dos corsários.
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O historiador José de Oviedo y Baños diz no seu livo 'Historia da Conquista e Población de la Província de Venezuela' (1723) que Ledesma pegou sua lança, montou em seu cavalo e saiu em defesa de Caracas.
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Os corsários começaram a zombar de como um velho magro de barba branca veio enfrentá-los, mas Preston ficou impressionado com sua bravura e pediu a Ledesma sua rendição.
O idoso conquistador ignorou o chamado para entregar as armas e lançou um ataque, ferindo vários ingleses, até que um dos piratas atirou em seu p e i t o com um arcabuz.
O corpo do suposto Quixote foi sepultado com honras militares pelos corsários ingleses na igreja matriz de Caracas, quando tomaram a cidade colonial.
O jornal venezuelano El Universal informou que estes acontecimentos, ocorridos 10 anos antes da publicação de Dom Quixote de la Mancha, foram registados em crônicas e enviados para Sevilha, centro administrativo de Espanha para as suas colônias americanas.
Miguel de Cervantes viveu precisamente em Sevilha entre os anos de 1587 e 1597 e especula-se que a curiosa história possa ter chegado a seus ouvidos.
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Sabe-se que a existência de Ledesma é verdadeira e que ele fez parte da legião de conquistadores espanhóis que se estabeleceram no Vale de Caracas para fundar o que hoje é a capital venezuelana em 1567.
Muitos intelectuais e escritores venezuelanos usaram o feito de Antonio de Ledesma para afirmar que existe uma ligação entre o idoso conquistador espanhol de Caracas e o nobre de La Mancha imaginado por Cervantes.
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No entanto, historiadores mais sérios consideram a ligação entre ambas as figuras algo anedótico e difícil de conceber.
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“A verdade é que Dom Quixote representa um tipo de espanhol e uma forma de ver a vida menos incomum do que imaginamos”, disse o historiador venezuelano Tomás Straka à BBC.
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“Cervantes provavelmente teve muitos Alonsos Andrea de Ledesma na Espanha para inspirá-lo”, aponta o historiador venezuelano.
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