A trágica história de Marvin Gaye, brutalmente assassinado pelo pai

Príncipe do Soul
O que aconteceu?
Um dia para seu aniversário de 45 anos
Um passado complicado
Uma infância difícil
Chegada a Detroit
'I Heard It Through the Gravepine'
'Ain't No Mountain High Enough'
E de repente, letras comprometidas politicamente
'What's Going On'
O melhor álbum de todos?
Depois do social, o carnal
Começo da queda
Divórcio
'Here, My Dear'
Voo para a Bélgica
Regresso a casa
Vida reclusa
A arma de Natal
Meses difíceis
Relacionamento com seu pai
Briga física
Tiros
O irmão de Marvin Gaye chegou na hora
Defesa própria?
Legado milionário
No Olimpo da música
Príncipe do Soul

1º de abril de 1984. Às 12h30 Marvin Gaye, o Príncipe do Soul, jaz no chão da casa dos pais, com três balas alojadas no corpo. Ao lado dele, um homem segura uma Smith & Wesson 38. É seu pai, Marvin G a y. Ele tinha acabado de assassinar seu filho.

O que aconteceu?

O que pode levar um pai a atirar em seu filho à queima-roupa em sua própria casa? No caso de Marvin G a y, a resposta para esta pergunta são os vícios, as dívidas, agressões e o comportamento errático de seu filho, autor do melhor álbum da história, 'What's Going On' (1971), segundo a Rolling Stones.

Um dia para seu aniversário de 45 anos

No dia seguinte ao seu assassinato, 2 de abril de 1984, Marvin Gaye completaria 45 anos.

Um passado complicado

Porém, para entender o que aconteceu naquela casa em Los Angeles, é preciso viajar no tempo e percorrer a vida, ascensão e queda de um dos maiores artistas da história da música.

Uma infância difícil

Marvin Gaye, filho de um pastor e de uma empregada doméstica, morava com seus três irmãos nos subúrbios de Washington. Sua infância não foi fácil, pois seu pai bebia excessivamente e agredia regularmente seus filhos. Marvin Gaye fugiu de casa assim que pôde.

Chegada a Detroit

Com apenas 20 anos e o sonho de fazer sucesso na música, Marvin chegou a Detroit, onde Berry Gordy, produtor que montava uma gravadora, o ouviu cantar e ficou fascinado. Por sua vez, Gaye apaixonou-se pela irmã de Berry, Anna Gordy, uma mulher 17 anos mais v e l h a que ele e com quem acabaria por casar-se.

'I Heard It Through the Gravepine'

Em 1963, Marvin Gaye iniciou sua carreira no mundo do soul com sucessos como 'Stubborn Kind of Fellow' ou aquela que muitos críticos consideram a melhor música da história: 'I Heard It Through the Gravepine'.

'Ain't No Mountain High Enough'

Paralelamente, gravou duetos lendários com artistas como Kim Weston e Tammi Terrell. 'It Tkaes Two' e  'Ain't No Mountain High Enough' são alguns deles.

E de repente, letras comprometidas politicamente

Mas tudo mudou nos anos 1970. A crise econômica, a Guerra do Vietnã e as lutas sociais influenciaram Marvin Gaye. Ele queria sair da equidistância que caracterizava a Motown e cantar letras sociais e comprometidas.

'What's Going On'

Assim surgiu 'What's Going On', com perguntas retóricas e sonoridade elegante. Berry Gordy, que, em princípio, não queria que Marvin Gaye desse esse passo, mudou de ideia e exigiu um álbum completo. Marvin Gaye, como sempre, deu o melhor de si.

O melhor álbum de todos?

Faixas como 'Inner City Blues', 'What's Happening Brother' e 'Mercy Mercy Me' elevaram o álbum a uma obra-prima atemporal e mais do que válida, meio século depois.

Depois do social, o carnal

E após Marvin Gaye abraçar seu lado mais social, seu próximo álbum enveredeou para o lado mais quente da música. 'Let's Get It On' é, sem dúvida, uma das canções mais emocionantes de todos os tempos.

Começo da queda

Marvin Gaye tornou-se um artista aclamado, aplaudido e, acima de tudo, respeitado. Mas esse sucesso artístico foi acompanhado pelo início de sua queda. Gastos descontrolados, infidelidades, abuso contínuo de substâncias, foram algumas causas, de acordo com David Ritz em 'Divides Soul', sua biografia.

 

Divórcio

Pouco a pouco, a estrela de Marvin Gaye desvaneceu-se, enquanto as dívidas não paravam de crescer. A isso, somou-se o divórcio de Anna Gordy, a quem acabaria por dedicar um glorioso álbum, 'Here, My Dear', no qual conta a história do fim do relacionamento.

'Here, My Dear'

Ficará para a memória a foto do encarte interno do álbum, onde via-se algo semelhante a um Banco Imobiliário, com a mão de uma mulher com dinheiro, casas e empresas. Ao lado, aparece a mão de um homem com uma nota de um dólar, discos e instrumentos musicais.

 

Voo para a Bélgica

Mas o álbum não foi muito apreciado na época e não ajudou a melhorar imagem pública de seu autor. Ele acabou em Ostende, na Bélgica, fugindo dos Estados Unidos e com um dívida de dois milhões de dólares que acumulou em impostos.

Regresso a casa

Marvin Gaye não voltou aos Estados Unidos até 1983, embora seus fantasmas fossem muitos para serem perdidos de vista. Foi morar em Los Angeles, junto com seus pais, na casa que comprou para eles em seus bons tempos.

Vida reclusa

O artista passava dias sem sair do quarto e só via os pais e seu "dealer", como relata David Ritz, em sua biografia. Seus vícios cresceram e sua paranoia também, pois estava convencido de que alguém queria matá-lo. E não estava errado.

A arma de Natal

Na verdade, a pistola que acabaria tirando sua vida, foi comprada por ele mesmo e dada a seu pai no Natal de 1983, para protegê-lo.

Meses difíceis

Aqueles meses foram infernais na casa dos G a y s. A convivência familiar era impossível. As biografias do cantor incluem relatos de até duas tentativas de suicídio. Uma por overdose deliberada e outra por pular de um carro em movimento.

Relacionamento com seu pai

Enquanto isso, a relação com o pai passou da gritaria para a agressão mútua. O dia do assassinato de Marvin Gaye começou difícil por causa de uma documentação que Marvin G a y não conseguia encontrar.

Briga física

O tom da briga aumentou, segundo Frankie Gaye em seu livro, e Marvin Gaye acabou chutando o pai no chão, até que a mãe conseguiu separá-los. De repente, houve silêncio.

Tiros

Vários minutos se passaram em que nenhuma alma foi ouvida na casa G a y. Então um tiro quebrou aquele momento de paz. A bala entrou direto no coração do Príncipe do Soul, que caiu no chão abatido. Por precaução, o pai disparou mais dois tiros à queima-roupa.

O irmão de Marvin Gaye chegou na hora

Frankie G a y, autor de 'Marvin Gaye, My Brother', foi o primeiro a chegar, pois morava ao lado. Ele encontrou seu pai sentado na varanda, com a arma ao seus pés, olhando para o chão.

Defesa própria?

No julgamento, Marvin G a y alegou legítima defesa e foi condenado a seis anos de prisão. Ele viveu mais 14 anos, e faleceu de ataque cardíaco em 1998, em uma casa de repouso.

Legado milionário

Obviamente, os 2 milhões de dólares que Marvin Gaye devia em impostos foram rapidamente arrecadados com o boom de suas obras, após sua morte. De fato, os filhos de Marvin Gaye obtiveram mais de 8 milhões de dólares, depois de ganhar o processo por plágio contra Robin Thicke e Pharrel Williams por 'Blurred Lines'.

No Olimpo da música

Até hoje, Marvin Gaye está no Olimpo das vozes masculinas da história, ao lado de gênios como Sam Cooke, Otis Redding e Frank Sinatra.