As acusações de racismo na família real britânica
O lançamento do documentário 'Harry & Meghan' na Netflix e do livro 'Spare' têm causado rebuliço no que se refere à monarquia britânica. Por suas revelações sobre racismo na família real, os duques de Sussex receberam o prêmio 'Ripple of Hope' da organização de direitos humanos Robert F. Kennedy.
As opiniões sobre a questão do racismo na realeza britânica são divididas. Enquanto alguns chamam as declarações de Harry e Meghan de "heróicas", outros culpam o casal de "destruir a família real".
Foto: Netflix
A primeira vez que Meghan e Harry falaram sobre o assunto foi na entrevista concedida a Oprah Winfrey, em março de 2021. Depois dela, o mundo quis saber a quem o casal se referia e se já havia acontecido antes.
Na ocasião, Meghan revelou que, durante a gravidez de seu primeiro filho, houve "preocupações e conversas" na realeza sobre a cor da pele de Archie.
Após a famosa resposta da rainha Elizabeth II sobre a polêmica - "As lembranças podem variar"- Harry e Meghan foram chamados de "mentirosos" por grande parte do público britânico.
O príncipe William, por sua vez, foi conciso, quando perguntado sobre a entrevista de Meghan e Harry a Oprah: “Não somos uma família racista”.
Tom Bower, em seu livro 'Revenge: Meghan, Harry and the War Between the Windsors', lançado em 2022, escreveu que Camilla era potencialmente uma das acusadas, após uma piada que deu errado.
O ex-jornalista da BBC disse que, em uma reunião entre os Sussex e os então duque e duquesa da Cornualha, Camilla fez uma piada sobre o cabelo do primogênito de Meghan. Ela teria dito: 'Não seria engraçado se seu filho tivesse cabelo ruivo afro?' Meghan aparentemente abafou a risadinha impulsiva de Harry com um olhar furioso.
Mas Bower é conhecido por suas biografias não autorizadas e muito pode ser descartado de suas histórias. O fato de o comentário de Camilla ter sido divulgado sem sequer citar uma fonte torna, para muitos jornalistas, bastante improvável que realmente tenha acontecido.
Por outro lado, em novembro de 2022, um vídeo de Camilla em uma creche deu o que falar nas redes sociais.
Ela estava lá para distribuir os ursos Paddington para as crianças, ao lado dos atores do filme. Foi uma encontro comovente, especialmente considerando a ligação entre Sua falecida Majestade, a Rainha Elizabeth II, e o mascote. Mas deu errado.
Camilla é filmada durante toda a visita. Um momento, em particular, está sob escrutínio, pelo fato dela, aparentemente, recusar-se a segurar a mão de uma menininha negra.
Após esse momento desconfortável, internautas acusam a Rainha Consorte de, supostamente, olhar para as mãos da criança como se precisassem de limpeza.
Outros internautas defendem que o vídeo foi cortado, ou que ela segurou a menina pela m a n g a porque estava olhando para sua pulseira.
Um evento recente de Camilla no Palácio de Buckingham para aumentar a conscientização sobre violência doméstica também transformou-se em um pesadelo para as relações públicas da realeza.
O evento estava repleto de nomes influentes, filantropos e ativistas. Uma convidada do evento, Ngozi Fulani, da Sistah Space (uma instituição filantrópica para vítimas de violência doméstica na África e no Caribe) fez um relato chocante sobre um momento que vivenciou lá.
No Twitter do Sistah Space, Fulani falou de "sentimentos confusos", após a visita, já que foi indagada várias vezes sobre sua origem por "Lady SH". A pessoa, rapidamente, foi identificado como Lady Susan Hussey, uma das amigas íntimas e representantes de confiança do palácio (na foto, aparece ao lado da falecida Rainha Elizabeth).
A conversa foi descrita da seguinte forma:
Lady SH: 'De onde você é?'
'Eu: 'Daqui, do Reino Unido'.
'Não, mas qual sua nacionalidade?'
Eu: 'Nasci aqui e sou britânica.' '
Não, mas de onde você realmente vem, de onde vem o seu povo?'
Eu: 'Meu povo, senhora, o que é isso?'
''Oh, eu posso ver que vou ter um desafio para conseguir que você diga de onde você é.''
Os infelizes comentários de Lady Susan foram vistos como mais uma prova do racismo profundamente enraizado dentro da família real.
Desta vez, de acordo com o Buzzfeed, o Palácio de Buckingham pronunciou-se: "Neste caso, comentários inaceitáveis e profundamente lamentáveis foram feitos".
O futuro rei do Reino Unido, por sua vez, definiu as palavras de Lady Susan como "muito decepcionantes". Seu porta-voz afirmou: “O racismo não tem lugar em nossa sociedade”. E Lady Susan Hussey renunciou ao cargo real.
Em 2017, outra questão envolvendo racismo ocorreu na família real. A princesa Michael de Kent, esposa do neto do rei George V, cometeu um erro na escolha de uma joia.
A princesa Michael de Kent usou, em um almoço no Palácio, no qual também estava Meghan Markle presente, um b r o c h e de um busto de uma africana usando c o r o a e joias.
A peça é um 'blackamoor', término que, por si, já tem uma origem racista.
A princesa Michael de Kent emitiu um pedido de desculpas por meio de seu porta-voz, dizendo: “O b r o c h e foi um presente e já foi usado muitas vezes antes. A princesa Michael está muito arrependida e angustiada por ter causado ofensa”.
Muitos anos antes, em 1986, durante a visita do duque de Edimburgo à China, ele disse a um estudante britânico: 'Se você ficar aqui por muito mais tempo, todos ficarão com os olhos semifechados'.
Em 2002, Philip cometeu outro erro parecido. Na Austrália, perguntou a um empresário aborígine: "Vocês ainda jogam lanças uns nos outros?"
William e Kate também não escapam dos observadores. Em março de 2022, o casal fez uma viagem ao Caribe e sua recepção lá foi considerada um "retrocesso ao colonialismo", segundo o Sky News.
A Sky News relata que eles foram transportados em um "desfile Land Rover branco". O casal também foi criticado por apertar as mãos de crianças através de cercas de arame.
Não houve comentários diretos do palácio sobre a viagem, mas a Us Weekly cita uma fonte próxima ao casal que disse que eles se sentiram "tomados de remorso".