As reações da realeza após entrevista de Meghan e Harry a Oprah
O príncipe William, rosto público da realeza britânica, neste momento de pandemia, reagiu. E de forma retumbante. Ao ser questionado sobre as acusações de racismo feitas por Meghan e Harry, em entrevista a Oprah Winfrey, respondeu: "Não somos nem um pouco uma família racista"·
O primogênito de Charles e Lady Di não parecia muito à vontade diante das perguntas dos jornalistas, que cobriam sua visita, ao lado de Kate Middleton, a uma escola. Ainda assim, considerou importante defender a família, cuja imagem está cada vez mais fragilizada.
William também revelou, na ocasião, que não havia tido contato com seu irmão, desde sua polêmica entrevista à TV estadunidense. "Não falei com ele ainda, mas falarei". A conversa entre irmãos poderia ajudar a resolver este grande conflito familiar, aberto há meses.
Desde a morte de Lady Di, este é, talvez, o momento mais crítico vivido pela monarquia britânica, alvo de críticas e preocupação inclusive entre políticos do país. De acordo com a imprensa nacional, a rainha Elizabeth II não quis emitir, em um primeiro momento, nenhum comunicado sobre o assunto. Entretanto, pouco tempo depois, decidiu pronunciar-se.
O texto do comunicado é o seguinte: “A família inteira está triste ao saber quão desafiadores os últimos anos têm sido para Harry e Meghan. As questões levantadas, principalmente de raça, são preocupantes. Embora algumas lembranças possam variar, elas são levadas muito a sério e serão tratadas pela família em particular. Harry, Meghan e Archie sempre serão membros da família muito queridos.”
O Partido Trabalhista britânico (Labour Party) solicitou uma investigação sobre o suposto comportamento racista na Casa Real. A opção republicana é minoritária no Reino Unido, mas a região atravessa um difícil momento com o BREXIT, além do auge secessionista na Escócia e em outros territórios, que podem dar força a um movimento antimonárquico.
Foram duas horas de entrevista repletas de bombas informativas. No último dia 14 de março, Oprah Winfrey ouviu dos duques de Sussex uma sucessão de acusações contra o Palácio de Buckingham e também uma revelação: terão uma menina. Futuro feliz diante de um passado descrito pelo casal como um inferno de pressões e racismo que levaram Meghan Markle a cair em pensamentos suicidas.
A sorridente vida exibida por Meghan e Harry nos eventos reais era uma farsa desde o princípio. O casal relatou à apresentadora Oprah Winfrey que casaram-se no jardim de sua casa, três dias antes da cerimônia oficial. Algo completamente oposto à pompa característica dos Windsor.
Meghan Markle contou que jamais foi aceita totalmente pela Casa Real britânica, devido à cor de sua pele. E chegou a perceber, inclusive, uma verdadeira obsessão racial por parte de um membro da família. Alguém em Buckingham disse-lhe que seria "prejudicial" que Archie fosse "moreno demais".
"Quando ainda éramos noivos, o assunto raça era constante e eu sabia que isso não ia mudar", contou Meghan. Além disso, Archie não recebeu título nobiliário nem proteção por parte da equipe de segurança de Buckingham.
A tal ponto chegou sua sensação de desamparo que pensamentos suicidas passaram pela cabeça de Meghan Markle: "Sentia que não queria mais viver. Sentia vergonha de contar a Harry, mas também vi que se eu não contasse, me suicidaria."
Nada estava bem para Meghan Markle na sua vida de palácio. Segundo revelou na mesma entrevista, Kate Middleton a fez chorar em certa ocasião. A atriz não quis dar mais detalhes do incidente, a não ser que a cunhada havia pedido perdão e lhe dado flores.
A consequência de toda esta situação foi a ruptura, que Harry não escondeu a Oprah. Admitiu que seu pai nem atende suas chamadas de telefone. O caçula de Lady Di disse sentir pena de Charles e de William: "Eu não sabia que estava preso até que conheci Meghan."
Sobre seu irmão, William, Harry admitiu abertamente: "Estamos seguindo caminhos diferentes. A relação é distante neste momento, mas o tempo cura tudo."
Harry contou que a Casa Real deixou de financiar o casal e que se ele e Meghan assinarem algum contrato com a Netflix ou Spotify é porque precisam ganhar a vida. O príncipe também revelou que a herança de sua mãe é o que tem permitido viver em liberdade na Califórnia.
Outro detalhe curioso da entrevista: o papel de Sarah Ferguson , ex-mulher do príncipe Andrew, como fada boa desta história. Foi a única que ajudou Meghan, ensinou-lhe protocolos e, inclusive, passou uma tarde com a recém-chegada para ensaiar a reverência que deveria fazer diante da rainha Elizabeth II.
Durante a entrevista, falou-se, de modo constante, da estratégia do Palácio de Buckingham de desprestigiar Meghan Markle. "Mentiu sobre mim para proteger outras pessoas", revelou a atriz. Agora, é evidente que a entrevista dos duques de Sussex a Oprah elimina qualquer ponte que ainda pudesse existir com a Casa Real britânica.
De acordo com o jornal The Wall Street, mais de 7 milhões de dólares foram pagos pela CBS pela entrevista do casal a Oprah Winfrey.
Ninguém mais olhará esta imagem como antes. Era 2019 e o primeiro filho de Meghan e Harry acabava de nascer. Em 2021, o casal atravessou o oceano, deixando atrás um lugar que, até poucos dias atrás, acusava a duquesa de bullying com empregados.
A informação, publicada pelo The Times, relatava como, supostamente, Meghan Markle submetia o serviço do Palácio de Kensington, onde morou em 2018, com Harry, a assédio moral.
Segundo The Times, duas pessoas renunciaram o trabalho por não suportar a forma que Meghan Markle as tratava e outra queixou-se por sentir-se "humilhada". O príncipe Harry teria pedido que não fosse feita uma investigação sobre o assunto.
The Times citou outro momento no qual o comportamento de Meghan Markle havia sido inapropriado. Foi quando a duquesa apareceu em público usando os brincos que ganhara de presente do príncipe saudi Mohamed bin Salman, acusado pelos Estados Unidos, de assassinato. Consciente da possível polêmica, Meghan teria pedido a sua assessoria de imprensa que dissesse que os brincos eram emprestados.
Sobre a reportagem, Meghan e Harry publicaram um duro comunicado em que falam de "campanha calculada, baseada em informações enganosas e prejudiciais". E culpam, uma vez mais, a imprensa: "Estamos decepcionados com os meios de comunicação que dão credibilidade a este retrato difamatório da duquesa de Sussex."
O comunicado deu a entender que as acusações publicadas no The Times vazaram do Palácio de Buckingham, como forma de defender-se da iminente entrevista que Meghan e Harry dariam a Oprah Winfrey.
A teoria do casal poderia ter sentido, já que a reportagem foi publicada em um meio de prestígio e não em tabloides sensacionalistas. De acordo com vários jornalistas que cobrem assuntos da Família real britânica, existe realmente uma grande irritação com Meghan e Harry.
William é, hoje, o rosto visível da monarquia. Seu pai e sua avó estão confinados para proteger-se da covid-19, enquanto ele segue com suas obrigações reais. Há rumores de que sente-se traído pelo irmão, por ter escolhido este momento crítico para anunciar sua mudança.
Meghan Markle não estava preparada para uma vida de princesa e jamais adaptou-se às normas da Casa Real. O livro 'Finding Freedom: Harry, Meghan and the Making of a Modern Royal Family' de Omid Scobie e Carolyn Durand, garante que Kate Middleton e Meghan Markle não davam-se bem. Talvez por classismo, segundo a obra, a duquesa de Cambridge não quis iniciar uma amizade com Meghan.
Um exemplo dado no livro foi quando ambas princesas planejaram sair para fazer compras em uma mesma loja. Meghan pensava que iriam juntas, mas Kate pegou o carro e foi sozinha, deixando a cunhada surpreendida.
Desde que Meghan e Harry mudaram-se aos Estados Unidos, suas declarações estão cheias de indícios sobre o difícil que era a vida do casal na Inglaterra. Publicou-se que o príncipe William tentou suavizar a convivência, pois queria Harry ao seu lado.
William e Harry sempre foram irmãos muito unidos durante a infância e juventude. A perda da mãe fortaleceu ainda mais seus laços. A complexidade da vida adulta foi o que rompeu esta união.
Meghan está grávida de uma menina, que será irmã de seu primeiro filho com Harry, Archie. A família tem seus próprios planos, nos Estados Unidos: "Não é possível ser príncipe e participar de uma série da Netflix". E parece ser que é a plataforma quem vem ganhando a simpatia do casal.
Se por um lado Buckingham sempre suportou os exageros da imprensa, Meghan e Harry, através de vários processos, pedem milhares de libras em indenizações e retificações.
A realidade é que Meghan e Harry não estão entre os personagens preferidos da imprensa britânica. Sobre eles, abundam manchetes negativas e, desde a fuga aos Estados Unidos, a imagem dos duques piorou.
De uma forma metafórica, Meghan e Harry são, atualmente, uma espécie de príncipes destronados.
O afastamento da família real é tão extremo que, até o momento, Harry não foi visitar seu avô, Philip de Edimburgo. O duque, prestes a completar 100 anos, está hospitalizado gravemente e operado do coração.
A relação entre a rainha e o neto também está abalada. Embora a decisão de abandonar o palácio tenha sido tratada por Harry a sua avó, em uma conversa amigável, a entrevista com Oprah Winfrey foi uma surpresa para Elizabeth.
A guerra foi declarada e parece ser que nada mais ficará oculto. Buckingham não quer que a opinião pública tenha só a versão de Meghan e Harry. Se estiver disposto, o príncipe William será o responsável de enfrentar-se ao irmão e cunhada.