Cidades planejadas: de Brasília à nova capital da Indonésia

O Brasil levantou uma nova capital, no meio do seu território, há mais de 60 atrás. E, em 2019, o governo da Indonésia anunciou que fará algo semelhante no país. Mas estes não são os únicos casos modernos de cidades que surgem onde antes não havia nada. Veja na galeria outros exemplos!

A Indonésia é uma nação do Sudeste Asiático, que tem uma população de 270 milhões de pessoas espalhadas por nada menos que 17 mil ilhas. O governo pretende construir uma nova cidade para substituir a atual capital, Jacarta. A previsão é que seja inaugurada em 2024.

Jacarta, a atual capital da Indonésia, localizada na ilha de Java, possui 10 milhões de habitantes e uma infinidade de problemas ambientais. Com essa realocação do centro do poder estatal, o governo do país espera amenizar essa situação.

Outra razão para a mudança, segundo o jornal The Guardian, é que Jacarta está afundando, devido à extração excessiva de águas subterrâneas.

A parte norte da cidade afunda em um ritmo de até 25 centímetros por ano e o governo estima que impedir que Jacarta afunde completamente custaria aos cofres públicos indonésios 40 bilhões de dólares.

Além disso, as constantes inundações também se tornaram um grave problema para a cidade, devido a que uma grande parte de sua área está abaixo do nível do mar.

Devido à pandemia de covid-19, o projeto para a construção da nova capital, anunciado pelo presidente Joko Widodo em 2019, foi adiado para 2022.

Em janeiro de 2022, o presidente Widodo anunciou que a nova capital da Indonésia se chamará Nusantara, que significa "arquipélago" no idioma javanês antigo.

Um dos requisitos para a localização da nova capital era que ela ficasse longe de áreas com vulcões ou suscetíveis a terremotos. Assim, Nusantara vai ser levantada na floresta que podemos ver nesta imagem, localizada na parte oriental da ilha de Bornéu.

No entanto, isso também gerou inúmeras críticas, pois sua construção afetaria o habitat de muitos animais silvestres, principalmente primatas.

Deixar a ilha de Java, onde vive metade dos 270 milhões de cidadãos da Indonésia, também se tornou uma necessidade devido à superlotação.

O plano do governo indonésio é mudar a capital definitivamente para a nova cidade de Nusantara em até 10 anos. Segundo a BBC, isso custará ao Estado 32,4 bilhões de dólares.

O governo indonésio se inspirou para seu projeto na cidade de Brasília, que também foi construída do zero para se tornar a nova capital do Brasil, em 1960.

Localizada na região central do Brasil, a missão de Brasília era equilibrar o poder e a influência das cidades do sudoeste brasileiro, como a antiga capital, Rio de Janeiro (foto) e São Paulo.

A capital brasileira foi construída em um estilo arquitetônico moderno: em forma de avião. Trata-se de um projeto visionário do urbanista Lúcio Costa, que foi acompanhado por edifícios futuristas projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo engenheiro Joaquim Cardozo.

No entanto, há críticas pelo fato de seus idealizadores a planejarem pensando que a maioria dos habitantes da cidade usaria um veículo particular para se locomover.

Além disso, não pensaram que parte da mão de obra que a construiu não teria poder aquisitivo para morar nela, uma vez terminada. Assim, muitas cidades surgiram ao redor da capital. São conhecidas como "cidades satélites" e intensificam a desigualdade social na região.

A Indonésia não é o primeiro país asiático a mudar sua capital para uma nova cidade planejada. A sua vizinha, Malásia, fez o mesmo com Kuala Lumpur. Em 2001, a sede do governo passou a ser Putrajaya (foto).

No entanto, o rei da Malásia e o parlamento nacional ainda estão em Kuala Lumpur.

Foto: Palácio Nacional da Malásia

Por sua vez, Myanmar (antiga Birmânia) mudou sua capital, em 2005, da histórica Rangun (foto) para Naypyidaw, que significa literalmente "Capital Real".

A Coreia do Sul também se junta ao clube dos países asiáticos que mudaram de capital. Neste caso, espera-se que Seul seja substituída, definitivamente, até o ano de 2030, pela cidade de  Sejong.

A nova capital da Coreia do Sul recebe seu nome em homenagem ao Rei Sejong, o Grande, um monarca coreano do século XV que, entre outras inovações, criou o alfabeto coreano.

O continente africano também tem exemplos de cidades que foram planejadas para se tornarem capitais nacionais. É o caso de Abuja, que substituiu Lagos (fotos), em 1991.

Uma das razões pelas quais a Nigéria estabeleceu sua capital em Abuja foi porque o governo queria ter uma cidade independente, fora do controle dos três principais grupos étnicos que convivem no país.

E se nos movemos para a Oceania, encontramos o caso de Canberra, atual capital da Austrália.

Declarada capital da Austrália em 1927, a cidade de Canberra nasceu de um acordo entre Sydney e Melbourne, as duas maiores cidades do país, pois não conseguiram decidir entre elas qual das duas deveria ser a capital. A solução foi construir uma cidade completamente nova.

Mas, provavelmente, a capital nacional planejada mais famosa do mundo é Washington D.C., que é a sede do governo dos Estados Unidos desde 1790.

Em 1814, soldados britânicos invadiram e incendiaram a cidade de Washington. Foi a única vez na história que uma potência estrangeira conseguiu invadir uma capital americana.

A construção da cidade de Washington D.C. como a conhecemos hoje levou várias décadas de trabalho. Quando a cúpula do Capitólio foi concluída - na década de 1960 -, as ruas da cidade ainda eram de terra e não tinham sistema de saneamento básico.

Curiosamente, o único presidente dos Estados Unidos que nunca viveu em Washington D.C. foi o próprio George Washington, o primeiro da história do país. A cidade recebeu esse nome em sua homenagem, de fato.