Como está, hoje, o Charlie da primeira versão de ‘A Fantástica Fábrica de Chocolate’?
Triunfar em Hollywood é muito complicado. E se for no primeiro filme, quase impossível. Porém, triunfar com o seu primeiro filme e não fazer mais nenhum depois, é algo quase inédito.
Este foi o caso de Peter Ostrum, um nome que, hoje, é quase desconhecido, mas que, em 1971, ganhou destaque em 'A Fantástica Fábrica de Chocolate' ('Charlie e a Fábrica de Chocolate', em Portugal). Trata-se do intérprete de ninguém menos que o menino Charlie.
Com a versão original do filme sobre o negócio de Willy Wonka, interpretado por Gene Wilder, Peter Ostrum tornou-se mundialmente famoso, mas, depois, desapareceu.
Tudo começou em Dallas (Estados Unidos), em 1957, onde Peter Ostrum nasceu e viveu até os 13 anos, até que sua família mudou-se para Cleveland. Foi lá que o jovem estudante descobriu a arte da interpretação e o teatro.
Pouco depois de estabelecer-se em Cleveland, Peter Ostrum deparou-se com um caça-talentos em busca do protagonista ideal para seu próximo projeto: 'A Fantástica Fábrica de Chocolate' ('Charlie e a Fábrica de Chocolate', em Portugal).
Ao ver sua aparência angelical e seus cabelos dourados, o caça-talentos não hesitou em escolher Peter Ostrum para o papel. Algumas semanas depois, o menino foi chamado para um teste em Nova York, onde teve que cantar o hino nacional. Ele era a escolha certa.
Peter Ostrum foi o exemplo claro de estar no lugar certo na hora certa. A adaptação da obra de Roald Dahl prometia ser um grande sucesso, e já estava confirmada a presença de uma estrela do calibre de Gene Wilder no papel de Willy Wonka.
Assim, Peter Ostrum foi para Munique, onde o filme foi rodado, sob a direção de Mel Stuart. Como o próprio Ostrum contou no documentário ‘Remembering Gene Wilder’, o ator foi como um pai para ele, assessorando-o em sua estreia como ator.
O filme foi lançado e, até hoje, é considerado um clássico. Em 1971, a percepção era que Peter Ostrum tinha potencial de estrela. Por esse motivo, David L. Wolper, o produtor do filme, ofereceu-lhe a oportunidade de assinar um contrato para três filmes.
No entanto, Peter Ostrum decidiu seguir o conselho de Frawley Becker, seu coach de interpretação, de não assinar o contrato, preservando assim sua liberdade para escolher quais filmes fazer. Porém, ele não voltou a atuar.
Conforme relatou à Collider, a experiência foi gratificante, mas ele ficou saturado com a atenção da imprensa. Chegou a afirmar que não foi ele quem protagonizou o filme, mas sim seu irmão. Além disso, confirmou que escondeu seu passado como estrela fugaz de Hollywood até o dia em que conheceu sua sogra, e ela o reconheceu.
Então, o que Peter Ostrum passou a fazer? O ex-ator se formou em Medicina Veterinária, na Universidade de Cornell e dedicou sua vida a curar e cuidar de animais.
E embora tenha aparecido em alguns programas pontuais de televisão, como 'Oprah', 'Top Chef' e o especial 'Remembering Gene Wilder', ele tem claro que sua passagem por Hollywood deveria ser fugaz, e assim foi. "Simplesmente, a indústria cinematográfica não era para mim", afirmou no documentário.
Dito isso, e apesar da experiência, o ator comentou, em algumas projeções especiais do filme, que continua recebendo renda proveniente dos royalties da película: aproximadamente 8 a 9 dólares trimestrais.
É curioso como milhares de pessoas chegam à Hollywood em busca de fama, dinheiro e reconhecimento, enquanto Peter Ostrum fez exatamente o oposto. No entanto, seu histórico como ator é perfeito: um filme, um sucesso eterno.
E como fato curioso, o autor do livro, Roald Dahl, detestou essa adaptação cinematográfica, conforme relatado em suas memórias.