Curiosidades fascinantes (e estranhas) sobre o Palácio de Versalhes
Antes de tornar-se um majestoso castelo, o Palácio de Versalhes era um modesto pavilhão de caça, feito com pedra e tijolo. A construção foi encomendada em 1623, por Luís XIII (1601-1643), antigo rei de França. O monarca queria um lugar afastado do centro, onde pudesse caçar em paz, nos vastos terrenos da região.
Em 1662, vinte anos antes de ser a residência oficial do rei Luís XIV (1638 - 1715), ele decidiu transformar o lugar num espaço que pudesse acolher uma coleção de animais selvagens, parecido ao que conhecemos hoje por zoológico.
Sua construção foi finalizada em 1668. Então, o rei Luís XIV recebeu alguns animais como presentes diplomáticos, tais como um elefante, enviado pelo rei de Portugal, e felinos, oferecidos pelos príncipes árabes.
Durante o reinado de Luís XIV, o Palácio de Versalhes sediou um grande número de eventos como bailes, concertos, peças de teatro, óperas e espectáculos de luz. Tudo era feito para entreter o rei e a sua corte.
Todas as manhãs, muitas pessoas compareciam ao dique do rei para apreciar seus hábitos rotineiros. Primeiro, ele era acordado por um criado, depois, examinado por seu médico. Então, entravam em seu quarto os oficiais da Câmara e do Guarda-roupa, responsáveis por vesti-lo. Finalmente, o rei fazia sua primeira refeição, observado por uma centena de pessoas.
A hora de dormir oficial do rei também era uma grande cerimônia. Diz-se que, entre as 23h30 e a meia-noite, Luís XIV levantava-se para ir ao quarto de sua amante. No trajeto, um criado o acompanhava, carregando uma espada e o penico do rei.
Antes de Luís XV instalar banheiros nos aposentos privados do Palácio de Versalhes, todos que ali viviam tinham um penico feito de prata. Um verdadeiro toque de luxo!
Todos, com exceção das p r o s t i t u t a s, tinham o direito de visitar o Palácio de Versalhes e seus jardins, na época de Luís XIV. A única condição para entrar era estar bem vestido. Viajantes de toda a França foram a Versalhes para conhecer o Palácio reluzente. Mas cuidado, ninguém estava autorizado a cruzar o caminho do monarca!
A distância entre a cozinha e a sala de jantar era tão grande, que os pratos de Luís XIV costumavam ser servidos frios. Para resolver o problema, Luís XV (1710 - 1774) construiu uma nova cozinha, dentro de seu apartamento privado, no século XVII.
Na época, o chocolate quente era considerado exótico pela família real. A bebida à base de cacau era a favorita de Luís XV. Aliás, toda a corte de Versalhes tomava o requintado chocolate. Acreditava-se que o cacau tinha propriedades afrodisíacas, por isso a bebida também era servida às amantes do rei.
Nostálgica de uma vida mais rústica, a rainha Maria Antonieta mandou construir, em 1782, um vilarejo, situado nas terras do castelo, com uma decoração natural, inspirada nos escritos de Rousseau. Para escapar das restrições de Versalhes, ela costumava refugiar-se na vila, sozinha ou com seus convidados, vestida como camponesa. A aldeia era uma verdadeira quinta com vinhas, pomares, hortas e animais.
Em seus aposentos, Maria Antonieta tinha uma porta, que ficava nos fundos na tapeçaria, por onde entrava e saía, assim como seu marido, Luís XVI (1754-1793). Além disso, foi por essa porta que ela conseguiu escapar dos invasores da Revolução Francesa, em 6 de outubro de 1789.
Os jardins do Palácio de Versalhes possuem 55 fontes de tamanhos variados. Para abastecê-las de água, os engenheiros tiveram que ser muito criativos. Em 1681, um mestre carpinteiro e mecânico, de Liège, construiu um enorme dispositivo para bombear água do rio Sena.
Mas a máquina não era suficiente para abastecer todas as fontes ao mesmo tempo. Assim, quando o rei caminhava, tudo era feito para garantir que as fontes por onde passava fossem abastecidas, dando-lhe a ilusão de que tudo estava a funcionar perfeitamente.
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A emblemática Sala dos Espelhos foi construída entre 1678 e 1684, pelo arquiteto francês, Jules Hardouin-Mansar. O objetivo do espaço era deslumbrar os visitantes e demonstrar o poder de Luís XIV. Com 73 metros de comprimento, a galeria é coberta por 357 espelhos, todos de excepcional qualidade, feitos por artesãos venezianos.
Apesar de todo o dinheiro e tempo investidos, o Palácio de Versalhes foi o centro do poder francês por apenas 107 anos. Luís XIV, Luís XV e Luís XVI residiram ali, sucessivamente entre 1682 e 1789. Logo, a família real teve de fugir de sua residência principal, devido à Revolução Francesa.
O acordo de paz entre a Alemanha e os Aliados, marcando o fim da Primeira Guerra Mundial, foi assinado em 28 de junho de 1919, na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes.
Enquanto a vida em Versalhes era sinônimo de luxo e opulência, fora de seus muros, muitos viviam na pobreza. Por isso, o portão real coberto de ouro foi totalmente destruído, durante a Revolução Francesa. Apenas em 2008, a peça foi delicadamente restaurada, com 100 mil folhas de ouro colocadas sobre ele.