O destino dos hipopótamos que Pablo Escobar levou à Colômbia
Nos anos de 1980, o traficante Pablo Escobar chegou a ser o sétimo homem mais rico do planeta, segundo a Forbes. Além de comandar o Cartel de Medellín, sua excentricidade e poder o levaram a fazer coisas sem precedentes.
Os atos de Pablo Escobar parecem transcender ficcção e realidade. Um deles foi transportar, ilegalmente, três hipopótamos à Colômbia.
Aquela decisão, que parecia mais um de seus exagerados caprichos, hoje, tornou-se um problema gravíssimo, tanto para o meio ambiente como para a sociedade.
Na ocasião, os animais foram transportados num avião de Escobar e levados à sua residência, conhecida como Hacienda Nápoles, a cerca de 180 quilômetros da cidade de Medellín.
Passados 40 anos, as duas fêmeas e o único macho reproduziram-se livremente. Hoje, há aproximadamente 160 animais, em torno do rio Magdalena, segundo o jornal El País.
Os hipopótamos oferecem perigo aos indivíduos, por serem agressivos. Um exemplar adulto pesa entre 2 e 3 toneladas e um animal jovem, em torno de 800 quilos. Devido ao seu tamanho, encontrar-se com um deles pode ser mortal.
Além disso, a presença destes animais na região pode causar um desequilíbrio ambiental, já que seus excrementos afetam o nível de oxigênio da água do rio, algo potencialmente fatal para os peixes, de acordo com a CNN Colômbia.
A agricultura local também está ameaçada, pois a espécie é do tipo invasora e destrói as plantações por onde passa.
Há tempos, o governo colombiano vem buscando alternativas para solucionar o problema. Mas o que fazer com animais tão grandes, difíceis de capturar e transportar?
O hipopótamo é o terceiro maior animal terrestre do mundo, atrás apenas do hipopótamo branco e do elefante. Apesar de sua forma de barril, podem correr tão rápido quanto os homens.
Seu habitat natural fica na África subsaariana, onde é considerado um dos animais mais agressivos e ferozes.
Mas as autoridades de Antioquia, região onde estão os hipopótamos, assinaram acordos com o Instituto Colombiano Agropecuário, a Força Aérea Colombiana e o Ostok Santuary, no México. Tudo isso para ajudar a transportar os animais, segundo a CNN Colômbia.
Ernesto Zazueta Zazueta (foto), presidente do Conselho de Ostok Santuary, disse à CNN, em entrevista, que 60 animas serão levados à Índia e 10 ao México.
Zazueta acrescentou ainda que serão necessários 3 aviões para fazer o trajeto. Como os animais pesam muito, cabem apenas 30 animais em cada aeronave, então o plano é fazer dois voos à Índia e um ao México.
Lina Marcela Ríos, Gerente de Proteção Animal do Governo de Antioquia, disse ao El País: "O mais caro é o transporte aéreo e as caixas onde serão colocados, custos que provavelmente serão assumidos pela Índia".
Ainda segundo Ríos, a Colômbia assumiria a responsabilidade de capturar os animais, procedimento que seria feito à noite, atraindo-os com alimento.
Lina Ríos revelou ao jornal: "O processo de controle de natalidade e contenção deve ser feito pelo país de destino. Como é muito cara, não podemos realizar a esterilização".
Com gastos tão altos e prejuízos às pessoas e ao meio ambiente, há outra solução controversa em debate: o sacrifício dos animais. No entanto, dificilmente seria aprovada, já que o movimento animalista no congresso colombiano é muito forte.
Parece que o plano de exportar 70 exemplares é o mais provável de ser levado adiante. O trâmite do transporte dos animais está em fase de documentação. De acordo com a CNN Colômbia, o Ministério do Meio Ambiente tem que avaliar o plano para, então, emitir a autorização.
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Enquanto todos esperam ansiosos, Lina Marcela Ríos parece otimista, ao dizer que a tramitação está a avançar.
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Especialistas ambientais afirmaram que o processo deve ser feito rapidamente, para evitar que haja maior reprodução de animais. Além disso, alertam que o plano não é uma solução definitiva e que o ideal seria captar recursos para esterilizar os exemplares que permanecem na Colômbia.
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