Assim foi como o jogador Junior Moraes conseguiu fugir da Ucrânia
Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky proibiu a saída de cidadãos ucranianos, homens, do país. Eles devem ficar à disposição no caso de serem convocados a participar da guerra.
O jogador brasileiro, Junior Moraes, pôde ser um dos afetados. Nascido em Santos (SP), Junior Moraes, de 34 anos, possui dupla nacionalidade: ele também é cidadão ucraniano, desde 2019.
O passe do jogador foi comprado pelo time ucraniano, Metalurg Donetsk, em 2010. Junior Moraes também faz parte da seleção da Ucrânia. Antes, ele jogava na Romênia, no leste europeu.
Moraes, como era chamado no Santos, é um dos 13 jogadores brasileiros que defendem o Shakhtar Donetsk, time da primeira divisão ucraniana. Mas a história dele chamou muito a atenção, pelo risco de ser convocado para a guerra.
Quando os ataques russos na Ucrânia começaram, Junior permaneceu abrigado em um hotel, na capital da Ucrânia, Kiev, junto com outros jogadores brasileiros.
O jogador contou ao apresentador Luciano Huck, durante uma live no Instagram, que foi orientado pelos funcionários a deixar o quarto e se proteger em um espaço subterrâneo do hotel. "Acordamos com o barulho das explosões", disse.
O jogador havia viajado, com a família, para o Brasil no fim de 2021. Depois, retornou sozinho para Kiev. Junior contou a Luciano Huck que, durante os momentos em que passou no abrigo subterrâneo do hotel em Kiev, pôde se comunicar com os filhos e a esposa.
“Todos amigos e familiares, a situação é grave e estamos presos em Kiev esperando uma solução para sair. Estamos dentro de um hotel. Orem por nós”, apelou Junior Moraes no Instagram. Até que, finalmente, conseguiu deixar o país, segundo o G1.
O site informou que, no dia 26 de fevereiro, ele partiu, de trem, de Kiev até a cidade de Chernivtsi, no oeste do país. Depois, pegou um ônibus e cruzou a fronteira da Ucrânia para a Moldávia, país que, também, fica no Leste Europeu.
Quando estava fora de perigo, Junior Moraes enviou uma mensagem para a família e amigos no Brasil, segundo o G1: "Estamos livres! Antes de qualquer coisa, eu quero agradecer todos vocês por todo apoio e comoção", disse.
Os outros jogadores, que também estavam abrigados no hotel, deixaram a Ucrânia junto com Moraes, com a ajuda da Uefa e da Federação Ucraniana de Futebol.
Felizmente, Junior Moraes conseguiu viajar para o Brasil e abraçar a sua família. Ele desembarcou no Aeroporto de Guarulhos na quinta-feira (03). Em entrevista aos jornalistas que o esperavam no local, reconheceu: "Eu não fui forte em nenhum momento. Quando estava no limite, eu me escondia no banheiro ou me trancava no quarto, orava, pedia força para Deus".
O jogador também mostrou sua preocupação com os compatriotas que seguem na Ucrânia: "Tem mais brasileiros lá, a guerra continua, estou tentando fazer o máximo para tirar as pessoas de lá, tem famílias ucranianas também precisando de ajuda".
E completou: "Como estou no país há quase dez anos, conheço muita gente e estou tentando fazer o máximo para poder ajudar". Junior Moraes disse que havia enfrentado dias de grande tensão, após sair do bunker. "Quando começamos a chegar perto da fronteira, fiz questão de levantar (no ônibus) e olhar rosto por rosto" lembrou.
O excelente desempenho nos times da Ucrânia também ajudou Junior Moraes e outros jogadores brasileiros a criar essa relação mais próxima com o país. Depois que passou a defender o Shakhtar, em 2017, Junior Moraes fez 26 gols em duas temporadas seguidas.
O processo de cidadania foi incentivado pelo próprio treinador da seleção da Ucrânia, Andriy Shevchenko.
Nesse mesmo ano, passou a defender a seleção nacional. Participou de 11 jogos e fez um gol com a camisa azul e amarela.
Em 2007, Junior Moraes entrou para a história do Santos. Ele fez o gol que garantiu ao clube o título paulista, diante do São Caetano.
Na dia 28 de fevereiro, Junior Moraes postou, no Instagram, imagens do ataque da Rússia a Ucrânia e pediu o fim da guerra.
Enquanto o conflito continua, milhares de refugiados tentam atravessar as fronteiras para fora da Ucrânia, como fez o jogador Junior Moraes e muitos de seus colegas.