O pedido de socorro de Brittney Griner, estrela de basquete detida na Rússia
A campeã mundial do Phoenix Mercury da WNBA, Brittney Griner, fez um apelo direto de Moscou ao presidente dos EUA, Joe Biden. Suas palavras foram escritas, de próprio punho, em uma carta que foi entregue na última segunda-feira, 4 de julho, na Casa Branca, segundo seus empresários.
Griner foi presa, em fevereiro, no aeroporto de Sheremetyevo, depois que óleo de haxixe foi encontrado em sua bagagem. Ela pode ser condenada a dez anos de cadeia por tráfico de drogas.
Um trecho da carta, que foi publicada no The Guardian, diz: "Estou apavorada de estar aqui para sempre. Sei que está lidando com muita coisa (Sr. Presidente), mas, por favor, não esqueça de mim e dos outros detentos. Por favor, faça tudo o que puder para levar-nos para casa.”
Na carta, Brittney Griner invocou o Dia da Independência dos Estados Unidos e mencionou o serviço de seu pai no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, duas vezes, no Vietnã.
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“No dia 4 de julho, nossa família, normalmente, homenageia o serviço daqueles homens que lutaram por nossa liberdade, incluindo meu pai, que é um veterano da Guerra do Vietnã”, disse a jogadora. E continuou: "Dói-me pensar em como costumo comemorar este dia, porque a liberdade significa algo completamente diferente para mim este ano."
Imagem: Sydney Rae/Unsplash
Os promotores abriram o processo contra Griner, mas a atleta não foi convidada, ainda, para alegar sua inocência ou culpa, já que essa fase virá mais tarde.
A agência de notícias estatal russa Tass, que teve acesso ao tribunal, informou que a promotoria alega que antes de viajar para a Rússia, em fevereiro, Griner “adquiriu dois cartuchos para uso pessoal, contendo 0,252 gramas e 0,45 gramas de óleo de haxixe”.
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O advogado de Griner, Alexander Boykov, disse à rádio NPR que duas testemunhas depuseram pela acusação. Foram agentes alfandegários que trabalhavam no aeroporto quando as malas da atleta foram inspecionadas. Provavelmente, serão realizadas quatro audiências antes que chegue a vez da defesa, explica.
A próxima audiência está marcada para o dia 7 de julho. Um juiz russo ordenou que Griner permaneça presa, durante todo o julgamento.
Lindsey Kagawa Colas, vice-presidente executiva de Talento y The Collective, que supervisiona a carreira de Griner, twittou: "A negociação para sua libertação imediata, independentemente de procedimentos legais, deve permanecer uma prioridade e esperamos que @POTUS (presidente dos Estados Unidos) e @VP (vice-presidente Kamal Harris) façam tudo ao seu alcance para chegar a um acordo e trazê-la para casa."
No início de maio, o governo Biden declarou que Griner havia sido detida injustamente pelo governo russo. Os Estados Unidos acreditam que a usaram como elemento de pressão em meio à guerra.
“A detenção injusta como moeda de troca é uma ameaça à segurança de todos os que viajam e vivem no exterior”, disse o embaixador dos EUA na Rússia, John J. Sullivan, em maio. Ele e outras autoridades americanas garantem que sua principal prioridade é ajudar Griner e outros cidadãos detidos naquele país.
Em junho, Cherelle Griner, esposa de Brittney, disse à CNN: "Não acho que o esforço máximo esteja sendo feito porque, mais uma vez, a retórica e as ações não coincidem".
O Kremlin insiste que o caso não tem motivação política. O porta-voz Dmitry Peskov disse, na última sexta-feira, que não falaria sobre um processo judicial em andamento, mas fez um comentário.
"Só posso declarar os fatos", disse Peskov, observando que Griner foi detida "com compostos proibidos contendo substâncias narcóticas". E acrescentou: "Somente o tribunal pode dar um veredicto".
O Departamento de Estado divulgou recentemente seu aviso de Nível 4 que alerta sobre o risco que os americanos correm dentro do território russo.
“Os serviços de segurança russos prenderam cidadãos dos EUA sob acusações forjadas, negaram-lhes tratamento justo e transparente e os condenaram em julgamentos secretos e/ou sem apresentar provas credíveis”, afirma o aviso.
Como muitos jogadores da WNBA, Griner ganha muito mais do que seu salário, jogando no exterior durante a entressafra dos EUA. Durante anos, ela jogou pelo time russo UMMC Ekaterinburg, de propriedade do oligarca Iskander Makhmudov. A equipe tem laços de longa data com o Mercury.
"Eles sabem quem eles têm", disse sobre Griner, Terri Jackson, diretor executivo do sindicato de jogadores da WNBA, à NPR. "Ela é uma heroína naquele país. Eles amam o basquete feminino", completou.