O que é a Pedra do Destino e por que é tão importante na coroação de Charles III?
A Pedra do Destino ou Pedra do Scone é um objeto presente em uma série de lendas britânicas, disputado por sete séculos e roubado duas vezes. Ou seja, sempre teve uma importância significativa no folclore e na mitologia da região.
A pedra pesa cerca de 152 kg e mede 66 cm. Segundo historiadores escoceses, geologicamente, é da época do Devoniano Inferior, há cerca de 400 milhões de anos.
Os cientistas consideram que a pedra veio da Escócia, apesar de outra teoria de que sua origem esteja na Palestina, há 3 mil anos, segundo o National Geographic. De qualquer forma, foi a Escócia que valorizou este objeto acima de todos os outros.
A pedra, batizada em homenagem à cidade de Scone, ao norte de Edimburgo, foi usada na cerimônia de coroação dos reis escoceses. Era, assim, um antigo símbolo da monarquia escocesa... até ser roubada pelos ingleses.
Em 1296, o rei Eduardo I pegou a pedra dos escoceses e a usou para enfeitar um novo trono, em Westminster. Desde aquele momento, tem sido usado em cerimônias de coroação dos monarcas da Grã-Bretanha.
A atual Cadeira da Coroação foi feita para abrigar a pedra, em 1301, e usada, pela primeira vez, na coroação de Eduardo II.
O tempo passou até o dia de Natal de 1950, quando quatro estudantes escoceses levaram a pedra da Abadia de Westminster, em Londres.
A peça foi encontrada três meses depois, a 500km de distância - no altar-mor da Abadia de Arbroath, uma cidade da Escócia.
Na época, o então primeiro-ministro, John Major, disse, no Parlamento, que desejava vê-la retornar com segurança à sua origem, mas com a condição de ser transportado de volta à Abadia de Westminster para futuras coroações.
Assim, em 1996, a Pedra do Destino foi transferida parar no Castelo de Edimburgo, em uma cerimônia assistida por mais de 10 mil pessoas.
De acordo com o site do Scottish Historic Environment, a operação de retirada da pedra da Abadia foi meticulosa. Primeiro um andaime especialmente projetado foi cuidadosamente erguido sobre a Cadeira de Coroação. Em seguida, uma roldana foi usada para retirar a pedra aos poucos. O processo foi praticado e ensaiado muitas vezes.
Agora, a pedra está em exibição no Palácio Real, de Londres, junto às joias da realeza, mas há quem não esteja feliz com isso.
Segundo reportagem do The Telegraph, o ex-primeiro ministro da Escócia, Alex Salmond, ficou insatisfeito com a decisão do líder do SNP de levar a pedra à Londres, mesmo que temporalmente.
Ele disse que o objeto deveria ser "mantido como resgate", em troca de um referendo de independência.
Antes de que a pedra fosse exibida publicamente na Escócia, a limpeza do objeto revelou algumas descobertas interessantes.
Havia um selo de cera e um pequeno tubo de chumbo contendo um triângulo de papel. Trata-se de um documento que declara a autenticidade da pedra para que as pessoas pudessem reconhecê-la em caso de roubo.
Por outro lado, uma lenda diz que talvez a verdadeira Pedra do Destino nunca tenha chegado às mãos do rei Eduardo, em 1296, e que os escoceses a esconderam, substituindo-a por uma réplica.
Também existe uma crença de que a pedra levada pelos quatro estudantes, em 1950, não é a real, mas nenhuma teoria destas foi confirmada, ao longo dos anos.
Um estudo de raio-X na pedra pôde constatar que ela é feita de arenito, algo que a liga a Scone, onde o mesmo material é encontrado.
Os cientistas também descobriram que várias ferramentas foram usadas para trabalhar na pedra e que há marcações do tipo numeral romano - um trio de Xs e um V. Ninguém sabe, ainda o que isso significa.
O chefe de pesquisa do HES, Ewan Hyslop, disse: "Foi muito emocionante descobrir novas informações sobre um objeto tão único e importante para a história da Escócia quanto a Pedra do Destino". Mas admitiu: "Podemos não ter todas as respostas".