Saiba por que o navio encalhado no Canal de Suez afeta o mundo!

O Canal de Suez, que une o Mar Vermelho com o Mediterrâneo, no Egito, está, desde o dia 23 de março, bloqueado pelo porta-contêineres Ever Given (da empresa Evergreen). Os fortes ventos e uma tempestade de areia desviaram sua trajetória e a embarcação encalhou no quilômetro 151 da via, que tem 193km navegáveis. O navio vinha da China e ia para Roterdã (Países Baixos).

O bloqueio de Suez ameaça as importações e exportações no mundo todo, pois é impossível atravessá-lo, no momento. Filas de até 200 embarcações aguardam uma solução para poder continuar sua rota.

O problema é que as dimensões do Ever Given, fabricado no Japão, em 2018, vão dificultar enormemente os trabalhos para fazê-lo flutuar de novo. Trata-se de uma embarcação de 400 metros de comprimento de fora a fora e 59 metros de boca, o que equivale a dois estádios de futebol, 24 caminhões ou 100 carros enfileirados.

O navio pesa, sem cargamento, um total de 200 mil toneladas. Ao adicionar 20.388 contêineres de 6 metros de longitude cada um, esse peso dispara-se. Assim, os operários podem demorar semanas para desalojá-lo.

Atravessar o Canal de Suez permite uma rota comercial que une Europa, Ásia e Oriente Médio, sem ter que contornar o Cabo da Boa Esperança, na África. Através dele, os navios economizam cerca de 9 mil quilômetros de trajeto, que representa uma redução de 43% de distância, de acordo com o Conselho Mundial de Transporte Marítino (WSC). Economicamente é mais viável e afeta diretamente os preços dos produtos que chegam ao consumidor.

Pelo Canal de Suez passam 12% do comércio marítimo do mundo, além de ser umas das vias mais relevantes para o transporte de petróleo do Golfo Pérsico. A empresa Bloomberg estima que, após 48 horas de engarrafamento da via, 13 milhões de barris de petróleo estão à espera para serem distribuídos.

Cada dia que o Canal de Suez permanece bloqueado, paraliza-se ao redor de 9,6 bilhões de dólares em comércio, segundo cálculos da consultora Lloyd`s List Intelligence. Por ano, 19 mil embarcações - cerca de 52 ao dia - passam pelo estreito.

O cobre começa a faltar na China e a situação pode piorar, já que navios de grãos, cereais, gado e inclusive água aguardam o desbloqueio do Canal de Suez.

O petróleo já viu seu preço subir um 3% assim que o encalhamento foi anunciado. Outro problema que pode aparecer é o congestionamento dos portos da Europa, quando receberem, de uma só vez, os navios que deveriam haver chegado durante toda a semana.

A data limite para resolver a situação é domingo, 27 de março. De acordo com Niels Madsen, vice-presidente de Produtos e Operações da Consultora Dinamarquesa Sea-Intelligence, "se o Canal de Suez permanecer intransitável durante outros cinco dias, isto começará a ter ramificações globais muito sérias". O Egito já sofre as consequências: está perdendo 8 milhões de dólares ao dia.

Para quem quer acompanhar o desfecho desta história, o site 'Marine Traffic' oferece uma monitorização ao vivo do estado do Ever Given encalhado. É possível ver como o navio ultrapassa os limites do canal, assim como todas as embarcações ao redor, que esperam sua vez.