As obras de arte mais controversas da história

'Comediante', por Maurizio Cattelan
Arte conceitual
'The End', por Heather Phillipson
'A Origem do Mundo', por Gustave Courbet
'Minha Cama', por Tracey Emin
'Homem de terno de poliéster', por Robert Mapplethorpe
'O Arco do Triunfo Embrulhado', por Christo e Jeanne-Claude
'Árvore', por Paul McCarthy
'Domestikator', por Joep Van Lieshout
'Menino com um Sapo', por Charles Ray
'LOVE', por Maurizio Cattelan
'Buquê de Tulipas', por Jeff Koons
A obra não foi apreciada
'Cubos de Gelo', por Olafur Eliasson
'Vantablack', por Anish Kapoor
'Lugar Sujo', Anish Kapoor
'Coração de Paris', por Joana Vasconcelos
'Cabide, cadeira e mesa', por Allen Jones
'Diva', Juliana Notari
O local onde foi instalada a obra de Notari
'Ele', por Maurício Cattelan
Colocado no gueto de Varsóvia
'Almoço na grama', por Édouard Manet
'Olympia', por Édouard Manet
'O pequeno dançarino de 14 anos', por Edgar Degas
'Fonte', Marcel Duchamp
Uma piada?
'Artista S...', por Piero Manzoni
'La Nona Ora', Maurizio Cattelan
'Comediante', por Maurizio Cattelan

Este trabalho poderia ser resumido em poucas palavras: uma banana, um pedaço de fita adesiva e Art Basel Miami. Maurizio Cattelan é conhecido por suas instalações subversivas. Em dezembro de 2019, depois de 15 anos sem expor em uma feira de arte contemporânea, ele apresentou 'Comediante', esta banana pendurada na parede. Apesar da aparente simplicidade da obra, seu preço animou a crítica, já que foi vendida por 120 mil dólares.

Arte conceitual

Defensores da obra dizem que não devemos focar na estética da banana colada na parede. Em vez disso, o foco da obra é conceitual. Foram vendidas quatro cópias desta instalação, todas com certificado de autenticidade e instruções, elaboradas pelo próprio artista, especificando como a fruta deve ser substituída a cada dez dias.

'The End', por Heather Phillipson

Entre março de 2020 e 2022, a Trafalgar Square, em Londres, recebeu uma obra de arte não convencional. Feita por Heather Phillipson, retrata uma enorme montanha de chantilly, com uma cereja gigante no topo e dois detalhes cruciais, uma mosca e um drone. Segundo o artista, 'The End' simboliza arrogância e colapso iminente. O trabalho multimídia incluiu vídeos de seus arredores, filmados pelo drone, e transmitidos em um site na internet.

'A Origem do Mundo', por Gustave Courbet

Courbet, visto aqui em seu auto-retrato, 'Desperate', produziu um quadro que, no século XIX, foi considerada ultrajante. De fato, até 1995, poucas pessoas puderam ver a obra pessoalmente, pois só havia sido exibido duas vezes: em Nova York, em 1988, e em Oran, em 1992. Trata-se de uma m u l h e r sem roupas, representada com suas partes íntimas para cima. Courbet fez o trabalho como uma homenagem às mulheres, tanto como amantes quanto como mães. A obra agora está no Musée d'Orsay, em Paris.

'Minha Cama', por Tracey Emin

Para esta instalação de arte, Tracey Emin inspirou-se em sua própria vida, como uma pessoa com depressão profunda. Ela ficou na cama por vários dias, após o término de um relacionamento, e não comeu nem bebeu nada além de álcool. Em sua obra, ela colocou uma réplica da cama no salão de exposições. Para os críticos que disseram que qualquer um poderia haver criado esta obra, ela respondeu: "Bem, eles não criaram, não é? Ninguém nunca havia feito isso antes."

'Homem de terno de poliéster', por Robert Mapplethorpe

Nesta foto preto e branco de 1980, o contraste é marcado entre o figurino do homem e consistência de suas mãos. A obra é considerada um auto-retrato do artista. No entanto, alguns conservadores estadunidenses acreditam que a imagem representa um exemplo de "arte degenerada". A foto foi vendida em 2015 por nada menos que 478 mil dólares.

'O Arco do Triunfo Embrulhado', por Christo e Jeanne-Claude

Inaugurada em 18 de setembro de 2021, na presença do presidente francês, Emmanuel Macron, e da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, a obra de Christo e Jeanne-Claude suscitou muitos debates sobre a arte contemporânea. O famoso Arco do Triunfo foi envolto em 25 mil metros quadrados de tecido de polipropileno reciclável, de cor prata azulado, e preso por 7 mil metros de corda vermelha. Embora Christo tenha falecido em 2020, a obra ainda foi exposta como forma de homenageá-lo.

'Árvore', por Paul McCarthy

A suposta árvore do artista estadunidense havia sido erguida na Place Vendôme, em Paris, em 2014. Seu formato era no mínimo sugestivo, e a obra rapidamente tornou-se alvo de polêmica. Após ser vandalizada e atacada, foi removida, após uma semana de exposição. De certo modo, podemos dizer que atingiu seu objetivo: a subversão.

'Domestikator', por Joep Van Lieshout

Esta obra parece representar uma relação carnal entre um homem e um animal. Foi instalada bem no meio do Centro Pompidou, em Paris, depois que o Louvre a recusou. A instalação tem 12 metros de altura e é feita de blocos vermelhos de Lego.

'Menino com um Sapo', por Charles Ray

Este menino sem roupa, imaculadamente branco, com um ar sádico, segura uma rã na mão. Instalada em frente à Punta Della Dogana, em Veneza, na entrada do Grande Canal, a obra não agradou nada a alguns venezianos. Eles preferiam o poste de ferro fundido, um clássico do século XIX, que havia no lugar da nova escultura. Apesar dos apelos dos amantes da arte contemporânea, a prefeitura removeu a estátua.

'LOVE', por Maurizio Cattelan

O artista instalou 'LOVE', no Palazzo Reale de Milão, para uma exposição pessoal, em 2010. A obra é uma grande mão branca de mármore, de 11 metros, com o dedo médio para cima. O nome da obra é uma sigla, que explica seu significado. L = liberdade; O = ódio; V = vingança; E = eternidade. O dedo está voltado para a Bolsa de Valores de Milão. Claro, muitas pessoas ficaram ofendidas com isso. Em resposta, o artista disse que entregaria a escultura à cidade, se sua localização fosse permanente.

'Buquê de Tulipas', por Jeff Koons

'Bouquet of Tulips' foi um presente de Jeff Koons para a cidade de Paris, em 2016. Ele o justificou como "um gesto de amizade entre o povo americano e o francês", após os ataques terroristas de 2015 e 2016. A escultura tem 10 metros de altura, 8 de largura e pesa 27 toneladas, sem a base. Supõe-se que representa "o ato de oferecer". No entanto, em 2017, artistas locais lançaram uma petição que dizia "não ao buquê de tulipas de Jeff Koons", denunciando o excesso do projeto.

A obra não foi apreciada

"A escolha da obra, sobretudo sua localização, sem nenhuma relação com os trágicos acontecimentos ocorridos no local, parece um ato oportunista”, escrevem artistas locais ao jornal Liberation. Segundo eles, Jeff Koons "tornou-se o emblema de uma arte industrial, espetacular e especulativa e seu trabalho exalta as multinacionais de luxo".

'Cubos de Gelo', por Olafur Eliasson

O artista tende a abordar temas ambienteais. Para esta obra de arte, ele moveu blocos de gelo da Groenlândia e os exibiu em Copenhague, Paris e Londres. Irremediavelmente, a obra autodestruiu-se diante dos olhos dos espectadores. O trabalho de Eliasson era um alerta sobre as mudanças climáticas, mas sua produção, transportando 100 toneladas de gelo de avião, foi, no mínimo, contraditória.

'Vantablack', por Anish Kapoor

Em 2014, a Surrey NanoSystems, empresa britânica especializada em nanotecnologia, criou o preto mais preto do mundo, o 'Vantablack'. Composto por nanotubos de carbono, dispostos verticalmente, como árvores em uma floresta, é de cor preta com coeficiente de absorção de 99,965%. Em 2016, Anish Kapoor obteve o direito exclusivo de usar o material para sua arte. Seus colegas ficaram irritados e montaram a campanha #ShareTheBlack. Em 2019, o artista Stuart Semple conseguiu criar um preto profundo, chamado "Black 3.0", que tornou-se acessível a todos.

'Lugar Sujo', Anish Kapoor

Instalada nos jardins do Palácio de Versalhes, em 2015, a obra provocou reações extremamente violentas. O grande tronco de aço, com 60 metros de comprimento e 8 metros de altura, representa um órgão feminino. Logo após sua instalação, a obra foi vandalizada e, alguns meses depois, estava coberta de escritos de ódio. A artista decidiu deixá-la assim, porque agora faziam parte da obra.

'Coração de Paris', por Joana Vasconcelos

Inaugurado no Dia dos Namorados de 2019, este grande coração vermelho de 9 metros de altura é composto por 3,8 mil telhas de barro. À noite, milhares de luzes LED o iluminam. O problema? A obra foi colocada em Porte de Clignancourt, um dos bairros mais pobres de Paris e custou 650 mil euros, financiados com dinheiro público, dos quais 40 mil foram doados à artista.

'Cabide, cadeira e mesa', por Allen Jones

Allen Jones é um dos primeiros artistas pop ingleses. Fascinado por m u l h e r e s de pernas longas, especialmente de salto alto, e pela cultura subversiva do fetichismo, suas obras são ao mesmo tempo comprometidas e perturbadoras. Em 1969, expôs a obra que vemos parcialmente nesta foto: 'Cabide, Cadeira e Mesa'. Ele afirmou ser feminista e disse que inspirou-se na s e x u a l i z a ç ã o das roupas femininas da década de 1960. Ainda assim, cada uma de suas exposições, na década de 70, foi recebida com manifestações feministas.

'Diva', Juliana Notari

Produzida pela artista brasileira Juliana Notari, em janeiro de 2021, a obra foi atacada por retratar explicitamente o sistema reprodutor feminino. Desde a ascensão de Bolsonaro, político brasileiro da extrema direita, em 2018, o país está dividido social e politicamente. Os oponentes de Notari dizem que 'Diva' é indecente e feia.

Foto: juliana_notari / Instagram

O local onde foi instalada a obra de Notari

A temática da obra não foi o único motivo de críticas. 'Diva' foi construída no terreno de um antigo engenho de cana-de-açúcar, onde trabalhavam escravos, e foi colocada ali por um trabalhador negro, como pode ser visto na imagem. Os críticos nas redes sociais argumentaram que o local e as circunstâncias de 'Diva' eram de mau gosto e insensíveis.

Imagem: juliana_notari / Instagram

'Ele', por Maurício Cattelan

Cattelan é o rei da controvérsia. Esta estátua de cera, ajoelhada em posição de oração, vestida com um terno cinza, tem apenas 101 centímetros de altura, o tamanho de uma criança. Ao olhar mais de perto, percebe-se que o personagem é Adolf Hitler. Os críticos argumentaram que é de mau gosto representar o ditador como uma figura pequena, com certa pureza infantil.

Colocado no gueto de Varsóvia

Outra controvérsia em relação à escultura diz respeito à sua localização. Ficava no pátio privado de um prédio, no gueto de Varsóvia, onde meio milhão de judeus poloneses foram isolados e depois deportados, durante a Segunda Guerra Mundial. A estátua ficava a apenas algumas centenas de metros do Memorial da Insurreição do Gueto de Varsóvia. Depois de muitas críticas, a obra foi retirada, porque insulta a memória dos judeus vítimas do nazismo.

'Almoço na grama', por Édouard Manet

Manet chocou as pessoas quando apresentou a obra 'Almoço na grama', em 1863. O quadro retrata uma m u l h e r sem roupa, entre homens vestidos. A figura olha diretamente para o espectador, como uma provocação, indicando que é provavelmente uma dama da noite. Depois de muita discussão, a pintura foi finalmente exposta no Salon des Refusés, em 1863. Hoje, é uma das mais conhecidas do mundo.

'Olympia', por Édouard Manet

Manet, de fato, continuou a tradição de Ticiano, Vélasquez e Goya, que retratava mulheres sem roupas. No entanto, enquanto estes disfarçaram suas representações sob o prisma da alegoria, Manet deixou sua mensagem muito clara. O título desta obra, 'Olympia', é uma referência a um apelido dado às profissionais da noite, na época.

'O pequeno dançarino de 14 anos', por Edgar Degas

Degas é conhecido por representar dançarinos em suas obras. Empenhado em tornar as imagens o mais próximas possível da realidade, construiu aqui uma bailarina realista de cera, com um verdadeiro tutu e sapatos de dança. Os críticos disseram que a garota retratada era muito jovem e que Degas tinha uma intenção duvidosa quando a fez.

'Fonte', Marcel Duchamp

Marcel Duchamp redefiniu o conceito de obra de arte. Ele procurava a fronteira entre arte e objetos comuns. Um bom exemplo é esta obra, chamada 'Fonte'. Ele assinou como 'R. Mutt', uma referência à loja onde comprou o objeto, e disse que queria chamar a atenção das pessoas para o fato de que a arte é uma miragem.

Uma piada?

Duchamp enviou o objeto para recém aberta Sociedade de Artistas Independentes de Nova York, fundada em 1916, prestes a realizar seu primeiro Salon. Como não reconheceram o nome 'Mutt' e acharam que era uma piada, o júri recusou-se a exibir o mictório. Somente em 1950, Duchamp começou a reivindicar a propriedade de sua obra.

'Artista S...', por Piero Manzoni

Piero Manzoni é amplamente inspirado por artistas como Marcel Duchamp. Em 1961, ele criou e depois vendeu 90 latas numeradas e assinadas, que continham seus excrementos. O público não teve escolha a não ser aceitar a palavra do artista de que o conteúdo das latas era realmente de sua autoria. A obra pretendia ser uma sátira do mercado de arte, onde qualquer criação feita por um artista de renome tinha boas chances de vender rapidamente. Desde então, várias caixas foram abertas e o mistério foi desvendado: elas realmente continham excrementos.

'La Nona Ora', Maurizio Cattelan

Nesta obra, o artista aborda a imagem sacrossanta do papa. À época da sua execução, João Paulo II ainda vivia, cujas feições podem ser reconhecidas na estátua de cera. A obra não deixa nenhum espectador indiferente, pois é extremamente realista e em tamanho real.