A vida de crianças ao redor do mundo que foram criadas por animais
Se a história da evolução humana nos ensinou algo, é que nossa capacidade de adaptação é uma de nossas características principais. No caso das crianças selvagens, elas cresceram fora ou à margem da sociedade.
Mas como essas crianças conseguiram sobreviver e, acima de tudo, se adaptar a um ambiente quase sempre hostil? Todos nós já ouvimos falar de Tarzan, que foi acolhido por grandes primatas na selva africana. É claro que essa é uma história fictícia, mas há relatos de crianças que realmente teriam sido criadas por animais. Fascinante, não é mesmo?
Trata-se de uma criança que cresceu fora ou à margem da sociedade humana desde muito jovem. Geralmente, ela enfrenta enormes dificuldades para aprender a falar e não assimila o comportamento de outras pessoas quando retoma o contato com elas.
Foto: Disney
O fenômeno das crianças selvagens é bastante raro, com apenas cerca de uma centena de casos documentados em toda a história da humanidade. Conheça agora alguns dos exemplos mais incríveis!
Foto: Eva Blue/Unsplash
Dina Sanichar, que dizem ter inspirado 'O Livro da Selva' de Rudyard Kipling, passou os primeiros anos de sua vida no estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, sendo criado por lobos, até que caçadores o encontraram em 1867 e o levaram para um orfanato.
Foto: Wikimedia Commons
Acredita-se que a criança tinha apenas seis anos quando foi levada ao orfanato. Para a surpresa de todos, ele imitava o comportamento de um lobo: andava de quatro, rosnava e emitia grunhidos. Com o tempo, aprendeu a ficar de pé, a se vestir sozinho e a comer usando talheres.
Foto: Thomas Bonometti/Unsplash
Um caso mais recente é o de Marina Chapman, que tinha 5 anos quando foi sequestrada em 1954, em uma aldeia na Colômbia, e abandonada por seus sequestradores na selva.
Foto: YouTube The Guardian
Ela teria vivido com uma família de m a c a c o s-prego, como conta em seu livro 'A Menina Sem Nome', que escreveu alguns anos depois, com sua filha.
Foto: Joy Ernst/Unsplash
No livro, ela se lembra de comer frutas e raízes, dormir em buracos de árvores, brincar e se higienizar com os m a c a c o s, além de imitar seu comportamento, andando de quatro. Quando sofreu uma intoxicação alimentar, os m a c a c o s teriam cuidado dela.
Marina viveu com os m a c a c o s por cinco anos, segundo conta, e perdeu completamente o uso da fala quando foi descoberta por caçadores. Depois, foi vendida para um b o r d e l e acabou nas ruas.
Foto: YouTube TheMarinachapman
Aos 14 anos, foi adotada por uma família colombiana que a enviou para a Inglaterra como babá. Lá, casou-se, teve filhos e está viva até os dias de hoje.
Foto: YouTube TheMarinachapman
Outro caso é o de Oxana, que nasceu em novembro de 1983, na Ucrânia, e foi encontrada em 1991, aos 8 anos. A pequena vivia cercada por cães. Seus pais, negligentes e a l c o ó l a t r a s, eram incapazes de cuidar dela.
Foto: Anoir Chafik/Unsplash
Quando Oxana tinha 3 anos, seus pais a abandonaram, no frio. Sozinha, ela sobreviveu se encolhendo no canil da fazenda, onde uma matilha de cães selvagens a acompanhou.
Foto: Federico Beccari/Unsplash
Seus pais nem perceberam que ela tinha desaparecido. Oxana encontrou um verdadeiro lar com os cães e passou a se comportar como eles. Corria de quatro patas, latia e rosnava. Ela ofegava e chegava até a farejar a comida antes de comê-la, desenvolvendo sentidos aguçados de audição, olfato e visão.
Foi apenas cinco anos depois que um vizinho informou à polícia sobre a situação de Oxana. Nessa época, ela só dizia "sim" e "não", mas, graças a uma terapia intensiva, conseguiu adquirir as habilidades sociais e verbais básicas de uma criança de 5 anos.
Foto: YouTube markmcdermott
A última vez que se soube dela, ela vivia em Odessa, em um lar para pessoas com deficiência mental, onde trabalhava com animais de fazenda.
Foto: YouTube markmcdermott
Em 1988, John fugiu de casa aos três anos, depois de ver seu pai a s s a s s i n a r sua mãe. Ele refugiou-se na selva de Uganda e encontrou um lar com os m a c a c o s.
Foto: YouTubeBBC
Três anos depois, uma mulher o encontrou. Seus joelhos estavam brancos de tanto andar sobre eles, suas unhas eram longas e arredondadas, e ele tinha desenvolvido um caso grave de vermes intestinais.
Felizmente, John recuperou-se. Aprendeu a falar e participou dos Jogos Olímpicos Especiais (destinados principalmente a pessoas com deficiência mental). Além disso, fez uma turnê com o 'Africa Children's Choir', um coral para crianças da África, como foi relatado em um documentário do National Geographic.
Foto: National Geographic
Em 2008, um garoto russo de 7 anos, chamado Prava, foi resgatado por profissionais de saúde. Ele vivia em um minúsculo apartamento com sua mãe de 31 anos e dezenas de pássaros.
Sua mãe, que tinha uma doença mental, o negligenciou, tratando-o não como uma criança, mas como um de seus pássaros de estimação. Ela não o maltratava fisicamente nem o deixava sem comida, mas simplesmente nunca falava com ele.
Foto: Sam Chang/Unsplash
A criança nunca saía do seu quarto. Seus únicos amigos eram os pássaros e, por isso, nunca aprendeu a falar, apenas a emitir sons semelhantes aos deles. Quando não era compreendido, agitava os braços e as mãos, como os pássaros fazem com as asas.
Finalmente, ele foi colocado em um centro de cuidados médico-psiquiátricos, onde ainda se encontra nos dias de hoje, conforme relatado pelo Daily Mail.
Foto: Andrik Landfield/Unsplash
Marcos nasceu em 1946, na zona rural da Espanha. Quando tinha sete anos, seu pai o vendeu para um criador de cabras, mas quando este morreu, pouco depois, Marcos acabou vivendo sozinho com os lobos, nas montanhas da Sierra Morena, ao norte de Córdoba.
Foto: YouTube/Radio Mágica Vida
Marcos viveu em cavernas com os lobos até os 19 anos, quando a polícia o encontrou e o levou à força para a aldeia de seu pai.
Foto: Maddie/Unsplash
Marcos reaprendeu a se comunicar como um ser humano e decidiu contar sua história para quem quisesse ouvi-la, tornando-se uma lenda local.
Foto: YouTube Rtve
Um antropólogo espanhol escreveu o ensaio intitulado 'O Dia em Que Brinquei com Lobos'. Um filme e um documentário também retrataram a vida de Marcos.
Foto: Wanda Visão
Marcos também concedeu várias entrevistas para meios de comunicação ao redor do mundo. Ele frequentemente dizia que era muito mais feliz vivendo com os lobos, pois os seres humanos o decepcionaram ao longo de sua vida.
Foto: YouTube Rtve