Como identificar o "fishing", comportamento perigoso em aplicativos de relacionamento
Nos últimos tempos, termos como "ghosting" ou "lovebombing" entraram com força no nosso vocabulário cotidiano, especialmente para quem lida com aplicativos de namoro. São tendências prejudiciais, das quais é melhor se manter distante.
Infelizmente, a lista de técnicas enganosas e manipuladoras parece não ter fim, e agora é enriquecida por uma nova e ainda mais preocupante: o "fishing". Sua evolução, o "wokefishing", se destaca entre as práticas mais prejudiciais.
O "fishing" é a prática de contatar o maior número possível de pessoas em aplicativos de namoro, esperando para ver quem, entre elas, responde. É como lançar uma rede no mar para fazer uma pesca em massa.
Uma vez feita a "pesca", a pessoa que pratica o "fishing" passa para a fase seguinte, que é a de análise, para decidir quais perfis manter e iniciar uma conversa, e quais descartar.
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De acordo com um artigo publicado na Harpers Bazaar, quem pratica o "fishing" costuma iniciar as conversas com perguntas como "tudo bem?" ou "o que está fazendo?".
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Essas perguntas são tão comuns que se torna bastante complicado diferenciar se a situação envolve "fishing" ou se há um real interesse por parte da outra pessoa no seu perfil.
Respostas lentas e falta de interesse por parte de quem inicia esse tipo de conversa, geralmente, são um sinal claro de que a pessoa pode ter caído na "rede" do outro. Mas há algo ainda pior.
Do simples "fishing", houve uma evolução perigosa para o que é conhecido como "wokefishing". Uma pessoa finge compartilhar os mesmos valores morais e éticos, com o único objetivo de ter um encontro casual.
Segundo a Vanity Fair Italia, uma das primeiras pessoas a falar sobre isso foi a jornalista Serena Smith, em um editorial na Vice, onde ela compartilhou sua experiência.
Segundo Smith, o "wokefishing" é a prática de alguém fingir ter opiniões políticas progressistas para atrair potenciais parceiros. Essa pessoa, chamada de "wokefish'" pode se apresentar, inicialmente, como alguém que participa de protestos e que é antirracista e feminista.
Normalmente, o wokefisher "pesca" suas potenciais vítimas em aplicativos de namoro, onde pode estudar os perfis para entender suas ideologias políticas e valores sociais.
Depois de aprofundar seu conhecimento sobre os temas de interesse da outra pessoa, parte para o ataque estabelecendo uma conversa com o objetivo de sair com ela. Fingindo compartilhar as mesmas opiniões e valores, o wokefisher tenta construir um vínculo baseado em uma aparente afinidade ideológica.
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No entanto, seu verdadeiro objetivo é manipular a situação para garantir um encontro, sem qualquer real comprometimento com esses princípios. Após alcançar o que deseja, o interesse se esvai, e o "wokefisher" parte em busca da próxima vítima.
As consequências dessa prática para as vítimas são complexas e difíceis de lidar. Emoções como raiva, vergonha e a sensação de se sentir um objeto são as mais frequentes, contribuindo para aumentar profundos sentimentos de frustração e insegurança.
Como sempre nessas situações, se a carga emocional for muito difícil de lidar, é recomendável procurar um especialista para iniciar um processo de psicoterapia.
Enfim, "fishing" e "wokefishing" são verdadeiras técnicas de manipulação que pertencem ao mundo dos aplicativos de encontros online e das tendências das quais é melhor manter distância.