O comercial censurado de Madonna que custou 5 milhões de dólares

Madonna é mundialmente conhecida como 'Rainha do Pop', graças a uma carreira de sucesso, na qual ela também semeou controvérsias e abordou temas polêmicos.

Madonna é uma artista extremamente reivindicativa. No início da carreira, ela provocou os altos escalões da Igreja Católica, com sua canção 'Papa Don't Preach', chegando a ser excomungada pelo Papa João Paulo II.  Mais tarde, até a MTV e outras redes musicais a censuraram pela explicitação de seu videoclipe: 'The Inmaculate Collection' (1990).

Há também o conhecido caso do anúncio da Pepsi, protagonizado por Madonna, no qual ela apresentou ao mundo o seu superhit 'Like a Prayer', mas que foi censurado abruptamente.

Imagem: Pepsi

Em 1989, a marca de refrigerantes assinou um contrato com a cantora para que ela estrelasse um anúncio intitulado "Make a wish" ('Faça um pedido', em português), com sua nova música "Like a Prayer", uma estratégia que já havia funcionado com Michael Jackson e Whitney Houston.

O anúncio em si gerou pouca polêmica, já que a artista aparecia simplesmente sentada em uma poltrona, a apreciar suas lembranças. O problema girou em torno da música escolhida e do videoclipe feito para a canção.

No videoclipe oficial de 'Like a Prayer' é possível ver cruzes queimadas e cenas e r ó t i c a s em uma igreja, envolvendo Madonna e um santo afro-americano que volta à vida, após ser acariciado e beijado por ela.

Mas a proposta do clipe vai muito além disso e busca também denunciar o racismo. Em uma cena, depois que um grupo de homens brancos agride uma mulher, a polícia prende o único que tentou ajudá-la, um homem afro-americano.

O comercial da Pepsi foi ao ar pela primeira vez durante o 'The Cosby Show'. No dia seguinte, a MTV estreou o videoclipe da canção, dando início à grande polêmica.

Numerosas associações cristãs dos Estados Unidos queixaram-se sobre a escolha da Pepsi para seu comercial publicitário e uniram forças para que o anúncio fosse vetado.

O próprio Vaticano condenou o vídeo por “conteúdo blasfemo” e apelou à comunidade católica em todo o mundo para que boicotassem a artista, deixando de consumir sua música ou qualquer coisa relacionada a ela.

Por fim, a marca de refrigerantes decidiu não divulgar o anúncio e rompeu a relação comercial com Madonna, embora tivesse pagado 5 milhões de dólares a ela, segundo o Daily Mail.

Além de levar uma bolada em dinheiro, Madonna ganhou visibilidade no início de sua carreira, depois que cerca de 250 milhões de pessoas no mundo viram o anúncio, naquele dia.

Depois de 34 anos, a censura para aquele polêmico anúncio chegou ao fim: ele foi exibido novamente, na cerimônia de gala do Video Music Awards da MTV, em Nova Jersey, em 12 de setembro de 2023.

Naquele momento, a própria Madonna, que não pôde estar presente na gala, agradeceu à marca, em sua conta do Instagram: “Obrigada, Pepsi, por finalmente perceber a genialidade da nossa colaboração. Os artistas estão aqui para perturbar a paz.”

Ela lembrou ainda: “O anúncio foi imediatamente cancelado quando me recusei a mudar qualquer cena do vídeo em que beijei um santo negro e queimei crucifixos. Assim começou minha ilustre carreira como artista, recusando-me a comprometer minha integridade.”

Com o tempo, aquela polêmica canção tornou-se um dos singles mais vendidos da história. De fato, seu álbum homônimo conseguiu vender mais de 15 milhões de cópias, em todo o mundo. A revista Rolling Stone o descreveu como "o mais próximo que a música pop chega da arte".

Hoje em dia, Madonna pode orgulhar-se de haver derrotado os censores. A Rainha do Pop, que sempre teve sua convicções claras, lutou para defender temas difíceis, sem nunca esquecer do importante papel que os artistas têm na sociedade.