Russo fica preso em reality chinês, onde entrou por acaso

 Vladislav Ivanov, também conhecido como Lelush
O homem por trás do #FreeLelush
Poliglota
Mudança para a China
O que é o ‘Produce Camp 2021’ ou 'CHUANG 2021'?
Trabalhava como tradutor para ‘Produce Camp 2021’
 Escutado como um competidor
Foi enganado?
O personagem
Performances sem entusiasmo
Ele sempre disse que queria sair
Os fãs gostavam dele
Conquistou o público, sem querer
Falsas esperanças
Outro participante implora em nome de Vladislav
Internautas russos fazem campanha para ajudar o compatriota
Finalmente livre
A comemoração
Estranho amor de fãs
 #FreeLelush e a ética de competições e contratos de ídolos
Vladislav Ivanov, também conhecido como Lelush
Um jovem tradutor de 27 anos virou notícia no mundo asiático por passar meses sem conseguir sair do programa de talentos chinês ‘Produce Camp 2021’, também conhecido como ‘CHUANG 2021’.  Entenda o que aconteceu!
O homem por trás do #FreeLelush

Nascido no dia 23 de janeiro de 1994, em Vladivostok (Rússia), Vladislav Ivanov nunca pensou que um dia ia ser vítima de uma armadilha longe de casa. Estudou Economia na Universidade Federal do Extremo Oriente, no seu país, e também mostrou interesse pelos idiomas.

(Imagem: bogatcio on Instagram)

Poliglota

Além do russo, sua língua materna, o jovem é fluente em inglês e mandarim.

(Imagem: Tencent)

Mudança para a China

Vladislav visitou a China, pela primeira vez, em 2010. Estudou o idioma local na Fudan University e passou a dominá-lo de forma impecável, o que o ajudou a conseguir um trabalho em tempo integral como tradutor no país.

(Imagem: bogatcio no Instagram)

O que é o ‘Produce Camp 2021’ ou 'CHUANG 2021'?

‘Produce Camp 2021’ é um reality show onde vários homens, isolados na Ilha de Hainan, na China, disputam entre si uma vaga em uma boy band internacional. O destino dos candidatos depende de um sistema de votação online.

(Imagem: Tencent)

Trabalhava como tradutor para ‘Produce Camp 2021’

Vladislav trabalhava no programa como tradutor, de acordo com o Russia Today. Ele também ensinava mandarim aos colegas da agência KING Holdings, Hanyuda Amu e Kiuchi Yujin.

(Imagem: Tencent)

Escutado como um competidor

Ao encontrarem poucos participantes para o reality, os organizadores perguntaram se Vladislav queria apresentar-se como um concorrente substituto, pois sua aparência encaixava-se no perfil que procuravam.

Foi enganado?

Vladislav aceitou a proposta, sem ler minuciosamente o contrato. Pensou que a vida de ídolo seria temporária e que rapidamente o eliminariam do programa.

O personagem

Para preservar sua identidade, Vladislav escolheu "Lelush" como seu nome artístico, em homenagem a seu anime favorito, Lelouch Lamperouge, de ‘Code Geass: Lelouch of the Rebellion’.

(Imagem: MBS, Tencent)

Performances sem entusiasmo

Vladislav, ou Lelush, não fazia o mínimo esforço nas suas apresentações, pois, como não podia desistir do programa devido ao contrato, esperava que o público não votasse nele para que seguisse.

Ele sempre disse que queria sair

Vladislav nunca escondeu seu desejo de deixar a competição: "Virar um membro de uma boy band não é meu sonho, pois não sei cantar nem dançar". O South China Morning Post publicou outro desabafo do jovem: "Espero que os jurados não me apoiem. Enquanto os outros querem um 10, eu quero um 0, porque significa liberdade."

Os fãs gostavam dele

Para sua consternação, Vladislav acabou ficando no programa mais tempo do que o esperado. E, pior, conseguiu se tornar um dos 25 finalistas do 'Produce Camp 2021'.

(Imagem: Tencent)

Conquistou o público, sem querer

O fato é que o clamor do jovem teve um efeito negativo. Os telespectadores de ‘Produce Camp 2021’ acharam divertida sua situação e não só votaram nele para que permanecesse no programa, como criaram vários memes com sua imagem.

(Imagem: Tencent)

Falsas esperanças

Em todos os episódios do programa, os produtores e anfitriões davam falsas esperanças a Vladislav, ao garantirem que ele não teria votos suficientes para ficar. Até que chegava o momento em que avisavam-lhe do contrário.

(Imagem: Tencent)

"Injusto com os outros concorrentes"

Em uma dessas ocasiões, Vladislav insistiu em que a decisão era injusta com os outros participantes, pois mereciam mais que ele estar naquela posição.

Outro participante implora em nome de Vladislav

Andy Shamray pediu ao público que parasse de votar no jovem tradutor e acusava também os produtores do ‘Produce Camp 2021’ de forçar Vladislav a permanecer na competição contra sua vontade.

(Imagem: andrey__shamray, producecamp2021/ Instagram)

Internautas russos fazem campanha para ajudar o compatriota

De acordo com o Russia Today, a situação de Vladislav tocou o coração de centenas de russos, que divulgaram o hashtag “#FreeLelush” nas redes sociais. Para seus compatriotas, os desejos de Vladislav estavam sendo desrespeitados e banalizados.

(Imagem: Tencent)

Finalmente livre

Depois de três cansativos meses, Vladislav finalmente foi escutado com seriedade e, no final de abril de 2021, não recebeu os votos suficientes para continuar no programa. Observadores locais afirmaram que tudo tratou-se de um movimento orquestrado por seus fãs chineses, que queriam levá-lo à final e depois parar de votá-lo.

(Imagem: producecamp2021 on Instagram)

A comemoração

Assim que percebeu que estava livre, Vladislav saiu correndo para os bastidores do cenário. O vídeo viralizou no Weibo e Douyin (a versão chinesa do TikTok), com legendas do tipo "Lelush finalmente saiu do trabalho!"

(Imagem: Tencent, Weibo)

Estranho amor de fãs

Os fãs chineses de Vladislav pensavam que votar nele o ajudariam a ganhar popularidade para que pudesse construir sua carreira de modelo na China, embora isto não fosse realmente o que ele queria. Vladislav optou por ir embora da China e voltar para a Rússia, segundo o jornal The Guardian.

#FreeLelush e a ética de competições e contratos de ídolos

A história de Vladislav teve um final feliz, embora tenha chegado tarde. Por outro lado, chamou a atenção para os problemas morais e éticos presentes nas regras dos reality shows. O New York Post culpou também a cultura de schadenfreude (falta de compaixão) dos fãs dos ídolos chineses.

(Imagem: Tencent)