O segredo da longevidade de um remoto povo na Bolívia
'Tsimane' é o nome de um povo indígena que vive na Amazônia boliviana. São considerados os humanos mais saudáveis do mundo e estão profundamente conectados à natureza e às suas tradições ancestrais.
Os indivíduos mais velhos da comunidade atingem mais de 80 anos e continuam com uma vitalidade invejável. Isso chamou a atenção de pesquisadores, que foram até lá para descobrir o segredo de tamanha longevidade.
A comunidade Tsiname fica em um lugar remoto e de difícil acesso no norte da Bolívia, com 16 mil membros. Eles vivem isolados da civilização e tiram da terra e da água tudo o que precisam para seu sustento.
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Foto: Unsplash - Kenrick Baksh
Para fazer o estudo, os pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia conseguiram levar 700 membros da comunidade até a cidade mais próxima, para realizar exames, como tomografias computadorizadas.
Assim, puderam comprovar que 87% dos tsimane examinados, com mais de 70 anos, apresentavam um risco extremamente baixo de desenvolver aterosclerose coronariana ou doenças cardíacas, segundo relato da BBC.
O artigo foi publicado na revista The Lencet em 2017. Os resultados foram tão impressionantes, que os cientistas decidiram estudar também o cérebro dos indivíduos tsimane.
A capacidade cognitiva dos Tsimane também superou a expectativa para a idade, já que muitos dos idosos apresentavam extrema agilidade mental.
A segunda parte do estudo, publicada em 2023 pela revista Proceedings of the National Academy of Science, mediu o volume cerebral dos tsimane ao envelhecer e, mais uma vez, o resultado impressionou.
Os idosos apresentaram até 70% menos atrofia cerebral do que pessoas da mesma faixa etária em países industrializados, como Reino Unido, Japão e Estados Unidos, relatou a BBC.
Em outras palavras, a diminuição do volume cerebral na transição da meia-idade para a velhice era muito mais lenta entre a população indígena em comparação com outras populações.
"Nosso estilo de vida sedentário e dieta rica em açúcares e gorduras podem acelerar a perda de tecido cerebral com a idade, o que nos torna mais vulneráveis a doenças como Alzheimer", disse Hillard Kaplan, coautor do estudo, citado pela revista Galileu.
E continuou: "As descobertas sugerem amplas oportunidades de intervenções para melhorar a saúde do cérebro, mesmo em populações com altos níveis de inflamação".
Conforme relatado pelo jornal O Globo, o estilo de vida dos tsimane, que inclui caça, pesca e o cultivo e colheita de todos os alimentos que consomem, é um fator decisivo para sua saúde física e mental.
“A maioria dos tsimane pode ficar ativa entre quatro ou seis horas sem descansar, seja andando, semeando ou em trabalhos domésticos. Estar em movimento é parte da identidade deles", disse Kaplan à BBC.
Kaplan liderou uma equipe de pesquisa por mais de duas décadas, coletando dados inovadores sobre a saúde dos indígenas na floresta tropical boliviana. Em 2021, recebeu o prêmio Lifetime Achievement Award da Human Behavior and Evolution Society.
Na foto, da Chapman University, ele está reunido com membros do povo tsimane.
Outro fator crucial para a saúde excepcional dos tsimane é a alimentação. Obviamente, eles não ingerem alimentos industrializados nem ultraprocessados.
Os pesquisadores constataram que apenas 14% dos alimentos consumidos por eles contêm gordura (sem gordura trans) e que, apesar de 72% serem carboidratos, esses alimentos são ricos em fibras, informou O Globo.
Foto: Chapman University
O professor Naveed Sattar, da Universidade de Glasgow, disse ao Globo: "Ter uma dieta saudável pobre em gorduras saturadas e repleta de produtos não processados, não fumar e ser ativo ao longo da vida está associado a um risco menor de doenças coronarianas".
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